O mês de dezembro é conhecido pela campanha de combate e prevenção ao HIV/Aids. A iniciativa busca, principalmente, incentivar a população a fazer testes, a fim de saber se têm a doença, levando em consideração que, na Paraíba, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (SES), cerca de seis mil pessoas não sabem que estão infectadas. Nesta quarta (1º), é o Dia Mundial de Luta Contra a Aids.
De acordo com a gerente operacional de condições crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) da SES, Ivoneide Lucena, ainda há muita desinformação sobre o vírus. Ela reforça que o objetivo do ‘Dezembro Vermelho’ é alertar as pessoas. Por isso, durante todo o mês de serão realizadas ações voltadas para a testagem, diagnóstico e sensibilização, na Paraíba. Ou seja, combater o vírus identificando onde ele está.
A proporção de pessoas que estão com a doença e não sabem que tem é muito maior do que pessoas que sabem que portam o vírus. Ivonete explica que para cada caso notificado, 10 outros casos não são.
Em 2021, na Paraíba, 660 pessoas foram diagnosticadas com HIV e Aids. Por isso, a estimativa é que cerca de 6 mil pessoas precisam ser testadas para saber do diagnóstico. Um dos principais agravantes, em relação às pessoas que não sabem que têm HIV, é que elas podem acabar transmitindo.
Perfil epidemiológico do HIV/Aids na Paraíba
Com base nos dados da Secretaria de Saúde do Estado, até outubro de 2021 foram registrados 494 casos de HIV e 166 novos casos de aids. Isso significa que houve uma queda de 40% no diagnóstico de novos casos precoce de HIV, quando comparado a anos anteriores. Essa diminuição no número de notificações está ligada à pandemia da Covid-19.
“Já chegamos a diagnosticar, por ano, mais de mil pessoas. Essa queda de notificações ainda está ligada à pandemia”, informa Ivoneide”
Com relação à distribuição de casos de Aids segundo o sexo, a maioria no número de casos é nos homens, com 124 notificações. Enquanto a quantidade de mulheres é 42. Fazendo um recorte por faixa etária, a maior concentração dos casos de Aids foi observada em pessoas com idade entre 20 a 59 anos, sendo maior no grupo entre 20 e 29 anos, com 46 casos notificados, o que representa 27,7% do total.
Houve um aumento nos casos de HIV em gestante de 0,2% em relação ao ano de 2020. — Foto: Getty Images via BBC
Por mais que nos últimos anos tenha sido observado que o maior número de casos de Aids foi por transmissão sexual, existem as pessoas que possuem a exposição hierarquizada, que é quando já se nasce com a doença. Nesta casos, quando comparados ao ano de 2020, houve um aumento de 0,2% nos casos de HIV em gestantes.
Mortalidade
Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, no ano de 2021, foi registrado no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) um total de 133 mortes por Aids como causa básica. Os municípios com os maiores números de óbitos são: João Pessoa (49), Santa Rita (10), Sousa (6), Bayeux (5), Pedras de Fogo (5) e Rio Tinto (5).
Tratamento
Em casos positivados, o usuário é encaminhado para os serviços de referência da Paraíba, orientado a fazer exames laboratoriais e acompanhado por um infectologista. — Foto: Divulgação
Sobre o tratamento, Ivoneide Lucena informou que ele acontece de forma gratuita para todas as pessoas que tenham a confirmação do diagnóstico, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda segundo Ivoneide, atualmente, os 223 municípios da Paraíba disponibilizam o teste rápido para a detecção do vírus nos postos de saúde e em 20 minutos é possível receber esse resultado.
Em casos positivados, o usuário é encaminhado para os serviços de referência da Paraíba, orientado a fazer exames laboratoriais e acompanhado por um infectologista.
Existem tratamentos específicos para situações de risco, como por exemplo a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP) que consiste no uso diário de medicamento antirretroviral para evitar a infecção pelo vírus. O uso de preservativos masculino e feminino continua sendo o principal meio de proteção.
Qual a diferença de HIV para Aids?
Ainda existem muitas pessoas que não sabem a diferença entre HIV e Aids, ou que acham que os dois são a mesma coisa. Porém, há diferenças fundamentais. A médica Priscilla Sá contou que HIV é o vírus que pode provocar a Aids, sigla em inglês para síndrome da deficiência imunológica adquirida.
Quando a pessoa é contaminada pelo vírus HIV, passa a ser soropositiva. Porém, muitos soropositivos podem viver anos com o vírus sem desenvolver a doença.
A médica Priscilla também ressalta que a pessoa que faz tratamento com antirretrovirais e tem a carga do vírus HIV indetectável em exames durante seis meses no mínimo, não o transmite em relações sexuais.
“Quando a pessoa com o diagnóstico está em situação indetectável ela passa a não transmitir. Quem trata não transmite”, ressaltou.
Falar sobre HIV/Aids, também, é uma forma de combater
Um dos principais problemas, em relação à transmissão do HIV/Aids, é a falta de informação, levando em consideração que muitas pessoas que têm a doença não sabem. Uma forma eficaz de combater o vírus é discutindo sobre ele e trazendo o debate para a população, como explica a médica.
“Todos nós somos frágeis em relação ao vírus. Uma forma de combatê-lo é diminuindo o estigma, trazendo a discussão para o dia a dia e falando sobre a importância das pessoas se tratarem”, finalizou Priscilla Sá.