O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (22) que não houve interferência no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mas que “ainda teve questão de ideologia na prova”. Na última semana, ele declarou que o exame “teria a cara do governo”.
Na primeira prova, realizada no último domingo (21), os participantes responderam a perguntas de linguagens, ciências humanas e literatura e produziram uma redação. Entre os assuntos das questões foram abordados meio ambiente, população indígena e temas sociais. Também foram selecionados um trecho da canção Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho, e uma charge do cartunista Henfil.
Em sua conversa com os apoiadores na saída do Alvorada, Bolsonaro também afirmou que, se ele e o ministro Milton Ribeiro pudessem interferir, “nenhuma questão destas cairia na prova”.
O presidente contou que a prova passa por mudanças. “Você é obrigado a aproveitar banco de dados de anos anteriores, você é obrigado a aproveitar isso aí. Agora, dá para mudar? Já está mudando. Vocês não viram mais a linguagem de tal tipo de gente, com tal perfil. Não existe isso aí”, disse.
A declaração de Bolsonaro reforçou o que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, havia dito na noite de domingo, após o encerramento do exame. Ribeiro negou interferência do governo no conteúdo da prova e declarou que “talvez, se tivesse interferência, pode ser até, hipoteticamente, que algumas perguntas nem estivessem ali. Não houve nenhuma interferência em escolha de perguntas”.
A edição do Enem deste ano foi marcada por polêmicas que começaram com a saída de 37 funcionários do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e acusações de interferência ideológica do governo nas provas.
O exame foi realizado no último domingo (21) com 90 questões de linguagens, ciências humanas e literatura, além da redação. No próximo domingo (28), os participantes responderão a 90 perguntas de matemática e ciências da natureza (física, química e biologia).