As investigações da Polícia Civil que culminaram com a prisão de um militar reformado da Aeronáutica, na última quinta-feira (30), no município de Piancó, no Sertão paraibano, revelam ramificações criminosas que podem esclarecer outros delitos. Uma delas envolve o criminoso Raimundo Nonato da Costa, morto em confronto com a polícia na cidade de Pombal, em agosto deste ano.
Durante análises de áudios, autorizadas pela justiça, a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO) descobriu que Nonato estava insatisfeito com o valor cobrado por ‘um vendedor’ de munições, no comércio ilegal. Nos diálogos, outro membro da organização cita um ex-militar das Forças Armadas como sendo o homem que vende munições ao preço de R$ 40,00.
“É caro demais, não existe isso não. Uma bala de fuzil 762 é vinte reais. Aí já é extorsão, ele está extorquindo. Esse cara nunca precisa de ‘nóis’ não, é? Tá sempre independente é?”, questiona Nonato, em um dos áudios analisados pela Polícia Civil.
Pelos indícios apurados, o militar citado nas conversas seria o homem preso nesta quinta-feira (30) pela Polícia Civil, no município de Piancó.
ENTENDA
A Polícia Civil da Paraíba, por meio da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO) e o Grupo de Operações Especiais (GOE), apreendeu na última quinta-feira (30), três espingardas, uma pistola e um revólver, além de várias munições, durante o cumprimento de três mandados de busca e apreensão no município de Piancó.
Todo o material estava com um reformado da Aeronáutica, que foi preso. As investigações apontam que ele comercializava essas munições de forma ilegal, inclusive com pessoas envolvidas em crimes graves.
A Polícia Civil descobriu também que o investigado chegou a abrir um escritório de advocacia em Piancó e se apresentava como advogado, sem ter a devida autorização da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Além da posse ilegal de armas e da venda de munições, o homem preso foi indiciado também por exercício irregular da profissão.
“Aproveitando-se de sua condição de militar reformado, ele confiou nas facilidades que supostamente teria para conseguir acesso a munições e realizar esse tipo de comércio, mas se trata de atividade delituosa”, disse o delegado Diego Beltrão, da DRACO.