A farmacêutica brasileira Biomm anunciou, na manhã desta sexta (1°), que possui um acordo com a CanSino Biologics para importar e, num segundo momento, produzir no Brasil a vacina de dose única contra a Covid da empresa chinesa.
A Biomm diz que irá submeter à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o pedido para uso emergencial do imunizante.
A Convidecia, vacina da CanSino, utiliza um adenovírus para ensinar o sistema imune humano a identificar e combater a Covid, algo semelhante ao visto na Covishield, vacina da AstraZeneca/Oxford já em uso no Brasil. O imunizante deve ser conservado em geladeira comum, de 2 °C a 8°C, o que costuma facilitar a logística.
A vacina da farmacêutica chinesa já teve resultados de segurança e imunogenicidade publicados na revista Lancet, ainda em 2020. Ela tem aprovação para uso na China e aprovação emergencial em outros países, entre os quais Chile, Equador e Argentina.
“Uma vez atendidas todas as exigências regulatórias, a Biomm tem condições de iniciar o processo de importação”, diz, em nota, a empresa, que já afirma haver a possibilidade de produção do imunizante em sua fábrica em Nova Lima, Minas Gerais.
“O acordo prevê também o propósito de comercialização e produção de todo o portfólio de vacinas da CanSino Biologics INC. Uma vez que a validação esteja concluída, estará apta para inspeção e aprovação pela Anvisa”, diz a nota.
O imunizante também foi testado para uso combinado (regime heterólogo) com a Coronavac.
Segundo dados disponibilizados em pré-print (publicação ainda sem revisão de outros especialistas), o uso da Convidecia como dose de reforço para pessoas que tomaram Coronavac provocou substancial resposta imunogênica. O efeito é percebido tanto após a primeira quanto após a segunda dose da Coronavac.
A resposta gerada, de acordo com os dados, é maior do que com uma dose de reforço da própria Coronavac. Com o uso da Convidecia, houve um aumento de 78 vezes no número médio de anticorpos neutralizantes, comparado a um aumento de cerca de 15 vezes com uso da própria Coronavac como dose extra.
Vale destacar, porém, que as informações do pré-print são baseadas em somente 300 participantes chineses.
O uso combinado de vacinas tem se mostrado uma opção para aumentar a proteção em idosos, grupo em que a Coronavac demonstra menor potencial de proteção, principalmente algum tempo após a imunização.
Em junho, a Anvisa chegou a recusar o pedido de uso emergencial da Convidecia depois de a CanSino informar à agência que as empresas brasileiras Belcher e o Instituto Vital Brazil não representavam mais a farmacêutica chinesa, o que emperrou o processo regulatório.