Na edição desta quarta-feira (25) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre uma pesquisa que investiga a atuação do coronavírus no cérebro.
Um estudo do Instituto Pasteur, de Paris, divulgou imagens do vírus atacando o cérebro de morcegos. Os pesquisadores ganharam o prêmio de menção honrosa em uma competição mundial de imagens feitas em microscópios.
Nas imagens, os coronavírus são identificados por pontos vermelhos e, em formato de bolas cinzas, estão células saudáveis. Ao atacar as células, o coronavírus realiza um agrupamento — o que significa que as células infectadas se juntam a outras vizinhas e elas morrem. Segundo os pesquisadores, a ação no cérebro humano é parecida ao que ocorre no de morcegos.
“Quando vemos o agrupamento celular acontecendo, na verdade, se está flagrando um processo que acaba sendo a resolução da questão. Diferente do ser humano infectado em outras células do corpo, em que se tem a replicação viral, aqui se tem a resolução do problema com a morte celular após o agrupamento dessas células”, disse Fernando Gomes.
Segundo o médico, a ação do coronavírus não é a mesma em diferentes partes do corpo, pois tudo depende da célula que será afetada pelo microrganismo.
“As células do corpo desempenham papéis específicos. Células do coração fazem a contração muscular rítmica, por exemplo. Já células responsáveis pela construção da memória, da inteligência e da linguagem fazem sinapses. Se você tem a morte de uma célula, se tem a perda da função relacionado a um órgão específico”, explicou.
“Se isso acontece, por exemplo, com região relacionada a processo de consolidação da memória, e aqui podemos citar hipocampo, pode se apresentar um problema dependendo da quantidade células acometidas ao mesmo tempo”, completou Gomes.