SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Está em fase de testes na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) um novo sistema para checagem dos lances de impedimento pelo árbitro de vídeo (VAR, na sigla em inglês). A ideia é que o próprio juiz em serviço na cabine estabeleça a posição das linhas, não um operador respondendo aos seus comandos.
Com um profissional da arbitragem executando o procedimento e ajustando os traços de acordo com a posição dos atletas envolvidos na jogada, espera-se um ganho de agilidade. Ele vai operar no modo “touch”, tocando a tela, e em seguida informará ao juiz do campo a caracterização ou não do impedimento.
“Com o dedo, ele consegue separar a parte do corpo tanto do defensor como a do atacante que está mais próximo da linha de fundo. Com isso, ganha agilidade e precisão, porque ele mesmo conhece a ferramenta, sabe onde é o ponto correto, e marca esse ponto da maneira mais firme possível”, disse Rodrigo Jóia, instrutor de arbitragem da CBF.
Questionada sobre a implantação da tecnologia, a confederação informou que os testes serão inicialmente feitos na Série B do Campeonato Brasileiro. Não há um prazo estabelecido para que a novidade chegue à primeira divisão ou a outras competições, já que antes da expansão é necessário “um número seguro de jogos de funcionamento”.
Agilidade e precisão, os pontos em que a CBF espera ganhar com a ferramenta, têm sido justamente o motivo das principais críticas à atuação do VAR no Brasil. Há lances de checagem superior a cinco minutos e avaliações bastante questionadas de impedimento. No ano passado, a entidade precisou reconhecer que um gol de Luciano, do São Paulo, havia sido mal anulado.
De acordo com o chefe do departamento de arbitragem da confederação, Sérgio Corrêa, a confiabilidade da tecnologia a ser implantada “é elevada”. Já os árbitros esperam que ela ajude a minimizar o estendido tempo em que, no campo, ficam pressionados, cercados por jogadores, à espera de uma definição do juiz de vídeo.
“Isso facilita o nosso trabalho na cabine, porque nós mesmos conseguimos colocar as linhas exatamente onde elas têm que estar. Acredito que a gente possa ganhar tempo com isso, porque não precisa falar, não precisa se comunicar [com o operador do vídeo]. No ‘touch’, a gente consegue mexer nas linhas com praticidade”, disse o árbitro Thiago Duarte Peixoto.
A marcação do impedimento tem gerado preocupação até em campeonatos cuja operação do VAR é tratada como modelo -o que não é o caso brasileiro. A Premier League anunciou recentemente mudanças no Inglês e aboliu os impedimentos considerados milimétricos: se a linha traçada a partir do defensor se confunde com a linha traçada a partir do adversário, ainda que elas não estejam totalmente sobrepostas, a posição do atacante é considerada legal.
Essa determinação não vale no Brasil, onde lances de impedimento considerado duvidoso vêm gerando bastante reclamação. Jogadores e dirigentes do Corinthians não se convenceram, por exemplo, da irregularidade apontada em um gol marcado contra o Santos, no início do mês. O clássico terminou em 0 a 0.