SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Os incêndios florestais que atingem a Grécia há cinco dias queimaram na madrugada deste sábado (7) cidades ao norte da capital Atenas, além da ilha de Eubeia, de onde 1.300 pessoas foram evacuadas de barco.
Do outro lado do Mar Egeu, o fogo deu uma trégua, mas ainda ardia em seis pontos da Turquia, no que o presidente Recep Tayyip Erdogan chamou de piores incêndios da história do país.
Ao todo, oito pessoas já morreram nas queimadas que devastam as regiões costeiras do Mar Egeu e do Mediterrâneo há 11 dias, atingindo dezenas de milhares de hectares e obrigando moradores e turistas a deixarem suas casas e hotéis.
A atual momento na Grécia foi definido pelo primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis como o “verão do pesadelo”, enquanto o país enfrenta a pior onda de calor dos últimos 30 anos. Apenas nas últimas 24 horas, mais de 400 focos de incêndio eclodiram pelo país, atingindo mais a ilha de Eubeia.
No Monte Parnitha, ao norte da Atenas, o fogo já forçou a evacuação de milhares de pessoas desde quinta-feira (5). As chamas pareciam ter diminuído neste sábado, mas a previsão era de que os ventos se intensificariam, o que deveria piorar de novo a situação.
Pelo menos 1.450 bombeiros gregos, auxiliados por reforços de outros países como Chipre, França e Israel, e apoio do exército e 15 aeronaves para bombardeio de água, agiam no incêndio ao norte da capital.
Os moradores dos subúrbios ao norte de Atenas foram forçados a sair às pressas com os poucos pertences que podem levar. “Nosso negócio, nossa casa, todas os nossos bens estão lá. Espero que eles não queimem”, disse Yorgos Papaioannou, 26.
A previsão em algumas regiões de fortes ventos e temperaturas de até 38ºC não indicam que a situação deve melhorar. A rodovia que liga Atenas ao norte do país permanece fechada por precaução, enquanto os campos de imigrantes próximos foram evacuados.
“Sob nenhuma circunstância podemos ser complacentes”, disse o vice-ministro da Proteção Civil, Nikos Hardalias. “Estamos lutando uma batalha gigantesca.”
O fogo também chegou ao Peloponeso, no sul do país, e atingiu Olímpia, cidade onde se disputavam os Jogos Olímpicos da Antiguidade. A prefeita de Mani, Eleni Drakoulakou, que fica na mesma região, criticou a falta de recursos para combater o fogo que queimou 15 vilarejos na cidade. “Estávamos perdidos, enquanto um helicóptero teria resolvido em duas horas”, disse a uma TV local. Mais de 5.000 turistas tiveram que sair do local às pressas.
Na noite de sexta (6), fortes ventos levaram o fogo à cidade de Thrakomakedones, ao norte de Atenas, e casas foram queimadas. Os moradores receberam ordens de evacuar a cidade e não houve registros de vítimas. Uma nuvem de fumaça pairou sobre a capital. “A situação é muito ruim”, disse Thanasis Kaloudis, morador de Thrakomakedones. “Toda a Grécia foi queimada.”
O governo prometeu reembolsar as pessoas afetadas pelos incêndios e afirmou que vai reflorestar as terras queimadas, disse Mitsotakis. “Quando este verão do pesadelo acabar, vamos reparar todos os danos o mais rápido possível”, afirmou o primeiro-ministro.
Incêndio não dá trégua na Califórnia Nos Estados Unidos, o incêndio que devasta o norte da Califórnia desde meados de julho continua a se espalhar e já queimou mais de 175 mil hectares.
O incêndio, que foi batizado de Dixie, devastou o povoado histórico de Greenville, ao norte do estado. “Sou morador de longa data de Greenville. Meu coração está devastado com o que aconteceu aqui”, disse o xerife do condado de Plumas, Todd Johns. “Os que perderam suas casas e seus negócios tiveram suas vidas alteradas para sempre, e tudo o que posso dizer-lhes é que lamento”, afirmou.
O povoado de Greenville ficou em ruínas. Estruturas de madeira desapareceram por completo e alguns edifícios foram reduzidos pelo fogo a escombros.
Todds disse que não há feridos até agora, mas reforçou que é essencial que as pessoas acatem as ordens de evacuação. “Este incêndio não terminou. Se as chamas estiverem em sua direção, vocês precisam se preparar. Para onde o vento soprar, haverá fogo”, advertiu.
Incêndios florestais são comuns na Califórnia, mas com as mudanças climáticas são cada vez mais devastadores. No fim de julho, o fogo já tinha destruído quase três vezes mais vegetação do que no mesmo período de 2020, até então o ano com incêndios mais graves da história do estado.