A história de Conceição (PB) sempre esteve envolta de características marcantes, que ao longo de uma história centenária me despertou enorme curiosidade.
Ainda criança, ouvia tomado de assombro, as histórias que relatavam episódios de violência naquela cidade que para mim era tão pacata, tranquila e muitas vezes cheias de monotonia.
Em uma das minhas escapulidas da Escola José Leite, em um curto momento de distração da professora Das Neves Palitot, me dirigi a Praça Cônego Antônio Andrada (praça da matriz), e lá ouvi um grupo de pessoas conversando sobre o homicídio de um padre, que supostamente teria acontecido na Igreja de Conceição.
No imagético por aquelas pessoas relatadas não explicava os nítidos motivos do bárbaro crime, apenas diziam que antes de morrer, o padre num tom de grande vingança, teria rogado uma praga sobre a cidade, dizendo que somente uma grande enchente iria “lavar” o seu sangue daquela igreja.
Na tolice de criança, por diversas vezes procurei encontrar essa suposta mancha de sangue, o que logicamente não encontrei, mas o que de fato ficou guardado foi a intensa curiosidade de saber mais, de ouvir aquelas senhoras do Apostolado da Oração que antes das missas me contavam um pouco de um passado não tão distante.
Anos mais tarde, descubro através de pesquisas sobre a nossa cidade, que de fato esse crime aconteceu e marcou uma geração, pelos requintes de crueldade e motivação fútil.
O fatídico episódio aconteceu no dia 17 de dezembro de 1867, nesta época a pequena vila de Conceição era assistida espiritualmente pela paróquia do Termo de Misericórdia, hoje Itaporanga. As características de Conceição nesta época são as mais rústicas que a nossa imaginação pode produzir, uma pequena vila ao redor de uma capela, ausência de eletricidade e estradas de barro que deixavam Conceição ainda mais longe dos centros comerciais e urbanos.
Os relatos do inquérito policial foram publicados em um jornal na capital do estado que se chamava “O PUBLICADOR” de propriedade de José Rodrigues da Costa, e naquele ano narrou para os seus leitores o crime que marcou para sempre o imaginário popular.
Na próxima publicação no Portal Vale do Piancó Noticias e Acervo Conceição do Piancó, irei apresentar pela primeira vez o interrogatório feito pelas autoridades policias da época, com as motivações relatadas pelo próprio autor do crime.
Quem foi o Padre Formiga? Quais os motivos do cruel homicídio?
Até lá!