Na véspera do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Covid, o Jornal Nacional revelou nesta terça-feira (18) indícios de fraudes em contratos do Ministério da Saúde no Rio durante a gestão do general.
Em longa reportagem, o telejornal da Globo apontou que militares escolheram empresas sem licitação para reformar prédios antigos durante e usaram a pandemia como justificativa para considerar as obras urgentes.
Em novembro de 2020, com um intervalo de apenas dois dias, o coronel da reserva George Divério, nomeado por Pazuello para a Superintendência estadual do ministério no Rio, autorizou duas contratações sem licitação que somam quase R$ 30 milhões. Só para a reforma dos galpões na Zona Norte do Rio, quase R$ 9 milhões.
“Procurando os contratos secretos, o Jornal Nacional encontrou indícios de fraudes numa obra ainda maior e bem mais cara. Também no mês de novembro, o coronel George Divério autorizou uma reforma completa na sede do Ministério da Saúde no Rio, por quase R$ 20 milhões, novamente sem licitação”, apontou a reportagem do Jornal Nacional.
Segundo o Jornal Nacional, a empresa escolhida, sem licitação, para a obra de R$ 20 milhões fica numa esquina, em Magé, na Baixada Fluminense, numa área dominada pela milícia. “À primeira vista, parece uma empresa pequena para uma obra tão grande. Uma empresa bem pequena. Dois portões e uma casinha de um cômodo do lado de dentro”, diz o jornal.
Pazuello tentará intimidar senadores e irá fardado à CPI da Covid
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, mesmo desaconselhado, irá depor na CPI da Covid nesta quarta-feira (19) no Senado Federal vestido com a chamada túnica verde oliva, o fardamento do Exército, diz a revista Veja.
A CPI, segundo Bernardo Mello Franco, do jornal O Globo, pedirá ao Exército que impeça Pazuello de usar farda durante a oitiva. “Quando ele foi ministro da Saúde, nunca usou farda. Por que vai usar agora? Isso vai expor desnecessariamente o Exército. E ele corre o risco de ouvir que não é digno da farda que veste”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da comissão.
Aliados de Pazuello disseram a ele que o uso da farda na CPI soaria como provocação aos senadores. O ex-ministro, general do Exército, ignorou as recomendações e afirmou que há entre os militares uma regra sobre como membros das Forças Armadas devem se vestir em eventos oficiais.