SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um novo lote de 700 mil doses da vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e produzida, no Brasil, pelo Instituto Butantan, foi entregue na manhã desta segunda-feira (19) ao Ministério da Saúde.
Com a entrega das vacinas nesta segunda, o total de unidades da Coronavac repassadas pelo governo de São Paulo ao Ministério da Saúde desde janeiro chega a 41,4 milhões de doses. As doses serão encaminhadas ao PNI (Program Nacional de Imunizações) para serem distribuídas proporcionalmente aos estados.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), acompanhou a entrega ao lado do secretário estadual da saúde, Jean Gorinchteyn, e do diretor do Butantan, Dimas Tadeu Covas, em uma entrevista a jornalistas na manhã de segunda-feira (19).
A promessa de chegar ao total de 46 milhões de doses à pasta federal até o final de abril, no entanto, está ainda indefinida.
O governador recebeu na manhã desta segunda a primeira remessa de matéria-prima para continuar a produção da vacina no Instituto Butantan.
Com o novo montante de 3.000 litros de IFA (ingrediente farmacêutico ativo, necessário para a formulação e envase da Coronavac no país), será possível fabricar mais cinco milhões de doses da Coronavac.
A falta de matéria-prima no país para produzir a Coronavac barrou a sua produção no último dia 7. O governo anunciou em seguida a liberação de duas novas remessas de IFA, vindas da China, com o primeiro lote recebido hoje no Aeroporto de Guarulhos. O governador esteve presente junto a Dimas e Jean Gorinchteyn para receber os insumos no aeroporto.
No entanto, a previsão é de entrega dessas novas doses somente no dia 3 de maio. Ainda, um novo lote com mais 3.000 litros deveria chegar até o final do mês, mas a data de chegada agora é incerta.
Segundo Doria, o novo lote de insumos já começou a ser utilizado para processar as novas doses hoje mesmo. “Com a chegada de mais 3.000 litros de insumos, o governo de São Paulo e o Instituto Butantan alcançarão 46,4 milhões de doses da Coronavac, atingindo assim o primeiro contrato com o Ministério da Saúde”, disse.
Para Dimas Covas, o atraso na entrega dos insumos e seu parcelamento em dois lotes não deve alterar o cronograma final. “De fato, houve atraso e houve divisão do lote por determinação das autoridades chinesas, são questões burocráticas e estamos trabalhando para vencer essa burocracia”, afirmou.
“Esse é o segundo atraso na entrega dos insumos. Em janeiro tivemos um atraso semelhante a esse, mas esperamos que a partir de maio seja possível adiantar o cronograma.”
Doria ainda fez uma crítica ao governo federal, afirmando que a Fiocruz [responsável no país por produzir a vacina da Oxford/AstraZeneca, principal aposta do governo federal nas vacinas contra a Covid]. “Não quero estigmatizar a Fiocruz, mas é importante deixar claro que o governo federal mudou pela sexta vez o cronograma de entrega das doses da Fiocruz. E no dia 3 de maio estaremos entregando um novo lote da Coronavac”, afirmou.
“Precisamos de outras vacinas. Esperamos receber também do Ministério da Saúde não só a vacina da AstraZeneca, mas que outras vacinas também possam ser entregues. Por enquanto de cada dez brasileiros que tomam a vacina contra a Covid, 8 são da Coronavac.”
O governo estadual espera receber as vacinas da Fiocruz para iniciar a vacinação no dia 29 de abril das pessoas com 64, 63 e 62 anos no estado.
A vacina contra a Covid-19 é hoje a principal ferramenta para impedir o agravamento dos casos graves e novas hospitalizações, além do distanciamento social e do uso de máscaras. O número de mortos por Covid no Brasil ultrapassou a marca de 370 mil no último sábado (17).
No domingo (18), o país fechou a segunda semana mais mortífera da pandemia, com 20.149 mortes de 12 de abril até ontem. Na semana anterior, a pior até então, foram registrados 21.763 óbitos.
Ainda, o país completou 33 dias seguidos com média móvel de mortes acima de 2.000. No último domingo, esse número era de 2.878.
Mesmo com os elevados números de óbitos, o Brasil entrou em um estágio de estabilização do número de novos casos, e não mais a ascensão. No entanto, ainda segue como um dos maiores no mundo.
O estado de São Paulo viu uma redução na taxa de ocupação de leitos de UTI na última sexta-feira (16), chegando a 83,6% no estado e 81,6% na grande São Paulo, menor índice desde o fevereiro.
Ainda assim, o número de internações no estado é de 23.800 pessoas, sendo 11.199 em leitos de UTI e 12.665 na enfermaria.
O secretário estadual de saúde Jean Gorinchteyn afirmou na última sexta-feira (16) que São Paulo recebeu medicamentos do kit intubação do Ministério da Saúde suficientes para 48 horas. Foram 400 mil medicamentos de quatro tipos diferentes.
Nesta segunda, porém, o secretário afirmou que alguns deles seriam suficientes para 72 horas, e que o estado está fazendo as compras paralelamente ao que é adquirido pelo governo federal.
“O estado de São Paulo não se restringe somente a essas medicações repassadas pela pasta federal. Estamos comprando diretamente dos fabricantes. Por isso, os hospitais estaduais têm um quantitativo ainda suficiente para mais dias”, disse.