O Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que abriu na última terça suas inscrições e se encerra nesta sexta (9), é frequentemente comparado a um leilão. As notas dos candidatos no Enem são ranqueadas para concorrer a uma vaga em uma universidade pública brasileira. A classificação de aprovados pode ter alterações no período em que o Sisu opera (durante os quatro dias, o inscrito tem direito de mudar suas opções de curso/universidade). A entrada repentina de alguém com bom desempenho pode bagunçar a tabela de classificação.
No Sisu de 2020, um outro elemento foi adicionado a esse modelo: a nota de um candidato agora é ranqueada nas duas escolhas de curso/universidade – embora, ao final, a matrícula só possa ser feita apenas na opção indicada como principal.
Ou seja, a pontuação no Enem que está elevando a nota de corte pode ser descartada da disputa ao encerramento das inscrições.
A mudança foi introduzida pelo Ministério da Educação no ano passado sem aviso aos candidatos. No começo, suspeitava-se de uma falha, o que motivou nas redes sociais a hashtag #erronosisu e o aparecimento de termos como “dupla classificação” ou “nota fantasma”.
Mais tarde o MEC explicou que se tratava da introdução de uma nova “metodologia [que] dá mais transparência ao processo, auxiliando os participantes em sua decisão”, segundo nota divulgada.
Neste ano, com a manutenção do sistema de “dupla classificação”, as reclamações se repetiram. Candidatos questionaram se a nota de corte visualizada era “real”.
O modelo “gera uma ansiedade nos alunos”, diz Alexandre Pereira, professor de biologia e tutor do colégio e curso pH. “O candidato pode não ler corretamente a situação sobre a vaga desejada e acaba fazendo outras opções de universidades e até mesmo de curso.”
Para Madson Molina, coordenador do curso Anglo, “essa dúvida faz parte do jogo, é a regra”. Ele compara com o mercado de ações as flutuações e as incertezas envolvidas. Assim como fazem investidores, afirma Molina, um dos caminhos é analisar dados anteriores para fazer suas apostas.
Pereira vai na mesma direção e indica simuladores disponíveis na internet que levam em conta a nota de corte do ano passado da chamada regular do Sisu no curso desejado. É apenas uma estimativa, mas que pode servir como um referencial melhor.
Ele também recomenda entrar nos editais do ano passado de universidades que estão sendo consideradas pelo candidato para observar a lista de espera e a nota da última pessoa chamada. Assim, pode se ter um panorama mais completo de suas chances e assim balizar suas chances no Sisu.
O G1 entrou em contato com o MEC para obter informações e posicionamento sobre o sistema de “dupla classificação”, mas não obteve resposta.
Neste ano serão ofertadas 209.190 mil vagas, distribuídas em 5.685 mil cursos de graduação. Veja o site do Sisu. Na madrugada da última terça, nos primeiros minutos após a abertura do sistema, o site apresentou problemas para carregar, mas teve acesso normalizado no começo da manhã.
Datas do cronograma:
o resultado sai na terça-feira da próxima semana, dia 13 de abril
as matrículas nas instituições de ensino serão realizadas no período entre 14 e 19 de abril. A documentação necessária é informada pela instituição de ensino
estudantes que não forem chamados para uma vaga nesta etapa poderão entrar em uma lista de espera que estará aberta entre 13 e 19 de abril.
Fique atento aos pesos atribuídos à nota do Enem pela instituição de ensino pesquisada – cada uma pode adotar critérios próprios na disputa pela vaga. O sistema faz o cálculo automaticamente. O candidato pode observar se tem direito ao sistema de cotas e informar na inscrição.
Para concorrer às vagas do Sisu, o candidato não pode ter zerado na redação do Enem e não pode ter prestado o exame na condição de treineiro.
O MEC disponibiliza o telefone 0800-616161 para dúvidas dos candidatos.