SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — O presidiário José Márcio Felício, 60, o Geleião, o único fundador do PCC ainda vivo, foi transferido na manhã desta sexta-feira (9) para o Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, na capital paulista, após complicações da Covid-19.
Segundo apuração da Folha de S.Paulo, médicos atestaram que o ex-chefe da maior facção criminosa do país está com mais de 50% do pulmão comprometido e “inspira cuidados”.
O presidiário, que é hipertenso, está no sistema prisional há mais de 40 anos.
Até na manhã desta sexta, haviam morrido 42 presos de Covid no sistema prisional, dos 13.397 contaminados, segundo dados da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo.
Dos funcionários, já são 71 mortos e 3.485 contaminados, no total.
A transferência ocorreu sob forte esquema de segurança policial, por equipes do Baep (ações especiais), porque o criminoso é jurado de morte pela cúpula da facção (‘decretado’), logo após ser expulso da quadrilha, em 2002, e desde então vem sendo caçado pelos rivais.
O PCC chegou a contratar rivais para matá-lo, quando ele esteve no presídio federal de Campo Grande (MS). Uma das tentativas, interceptadas pelos serviços de inteligência do governo paulista, aconteceria quando Felício estava na enfermaria do presídio.
Atualmente, Geleião cumpre pena no presídio de Iaras, inteiror de São Paulo (285 km da capital), destinado a abrigar a pessoas ameaçadas de morte no sistema prisional, como condenados por crimes sexuais, pedófilos e estupradores.
De acordo com integrantes do Ministério Público e da Polícia Civil, a expulsão de Felício coincidiu com a assunção ao poder de Marco Camacho, o Marcola, atualmente na Penitenciária Federal de Brasília.
Depois de ser expulso do PCC, Geleião fundou outra facção criminosa, o TCC (Terceiro Comando da Capital), junto com César Augusto Roriz Silva, o Cesinha, outro ex-fundador do PCC e morto por companheiros de prisão em 2006.
De acordo com o procurador Márcio Sérgio Christino, autor do livro “Laços de Sangue – A História Secreta do PCC”, Geleião foi um dos principais chefes do PCC e, depois de expulso, contribuiu para a condenação de Marcola ao revelar os bastidores da facção.
“Ele foi o idealizador e principal criador do PCC, sigla que ele inventou. Carismático, inteligente, fisicamente intimidante (quase 1,90), foi preso logo após completar a maioridade e permanece preso em razão de crimes cometidos dentro do sistema prisional. Fez a primeira delação premiada de que se tem notícia, quando uma legislação precária mal tinha sido criada”, disse.