A morte de Francisco Pereira da Silva, conhecido como Tico do Picolé, de 48 anos, uma das figuras mais populares de Itaporanga, na madrugada desta quinta-feira, 25, no hospital da cidade, teve forte repercussão, principalmente porque tudo indica que ele foi mais uma vítima da Covid-19 no município.
Segundo a médica Dulcineide Freitas, que foi quem atendeu Tico, o paciente deu entrada no hospital em situação extremamente grave e, meia hora depois, faleceu. Apesar do teste para a Covid ter dado negativo, a médica diz que o diagnostico clínico aponta para a virose pandêmica com a causa do óbito, principalmente pelo completo comprometimento pulmonar do paciente, detectado através de um raio-x. Um exame de sangue mostrou uma infecção aguda e ele também apresentava síndrome respiratória aguda grave. Fígado e rins do interno também estavam comprometidos, o que reforça a tese de Covid, segundo a médica.
Como os testes rápidos não apresentam resultados seguros, foi colhido material do paciente e encaminhado para uma testagem eficiente (o RT- PCR) em João Pessoa, e o resultado deve levar ainda alguns dias, mas vai dirimir qualquer dúvida. Dulcineide lembra que Tico já tinha alguns problemas de saúde, principalmente diabetes, inclusive, por algumas vezes, foi atendido por ela, mas ultimamente vinha bem, tomando regularmente a medicação.
A médica alertou para que as pessoas tenham muito cuidado e evitem se contaminar nas ruas e aglomerações e levar o vírus para dentro de casa, porque, segundo ela, trata-se de uma doença infeciosa ainda pouco conhecida, que não apresenta um padrão regular, agindo diferentemente de pessoa para a pessoa. “É muito diferente das doenças infeciosas que a gente é acostumada a lidar”, comentou drª Dulcineide. Enquanto em alguns pacientes, a Covid não apresenta sintomas, em outros é extremante agressiva, e isso é o que mais preocupa a médica.
Tico deixa esposa e um filho adolescente. Ele foi sepultado imediatamente após o falecimento. Tico do Picolé ganhou esse nome porque, durante muitos anos, vendeu picolé pelas ruas da cidade e chamava atenção da clientela com frases bem humoradas. O comércio ambulante deu tão certo que ele montou um mercadinho e, depois, deixou o negócio para viver e trabalhar na zona rural, em uma propriedade do sítio Catolé.