O acusado de estuprar e matar a jovem Ana Claudia Conceição Silva, de 16 anos, que ficou desaparecida por sete meses após marcar um encontro pela internet, foi condenado a 32 anos de prisão em regime inicial fechado, segundo informou o advogado da família da vítima ao G1 nesta quinta-feira (18). Seis anos após o crime, a mãe se emocionou com o resultado do processo. “Foram anos de desespero, mas eu sempre persisti e tive fé. Depois de muito tempo, posso dizer que estou feliz com o resultado, conseguimos”, disse a dona de casa Ana Cristina da Conceição Silva, de 56 anos.
O crime ocorreu em 2015, em Cubatão (SP). A adolescente saiu de casa no dia 18 de novembro daquele ano para se encontrar com um rapaz que conheceu pela internet, e não foi mais vista. Durante sete meses, os familiares de Ana Cláudia realizaram manifestações para chamar a atenção das autoridades, com o objetivo de incentivar o prosseguimento das investigações sobre o desaparecimento.
Na mesma época, a irmã da jovem conseguiu a senha do perfil da adolescente no Facebook, e encontrou uma conversa entre ela e um rapaz, Manoel dos Santos Eleotério, que na época tinha 24 anos e havia usado um nome falso para enganar a vítima.
Manoel dos Santos Eleotério confessou ter matado a jovem — Foto: Divulgação
Segundo a irmã de Ana, os dois marcaram um encontro exatamente no dia em que a jovem desapareceu. A ossada da vítima foi encontrada em um matagal, próximo ao Rio Pilões, que fica perto da Rodovia dos Imigrantes. Manoel confessou o crime e, segundo a polícia relatou à época, se mostrou frio com relação ao ocorrido durante todo o tempo, não demonstrando qualquer arrependimento.
“Fiz tudo que eu pude durante esses anos, chamei a imprensa, o pessoal da escola, e a polícia se prontificou a nos ajudar. Não foi fácil. Eu sempre estava no Fórum, falava com advogado, promotor, fazia manifestações. Mas, sempre confiei na justiça de Deus e da Terra. Sou muito grata a todos que ajudaram, principalmente ao nosso advogado, que foi essencial para esse resultado, e à polícia, que nos apoiou e incentivou muito. Minha fé em Deus me ajudou a prosseguir”, destaca.
De acordo com a dona de casa, a família ainda sofre com a perda de Ana Cláudia, tanto que o pai da vítima, desde o ocorrido, vive à base de remédios. “Mesmo sofrendo, com a alma rasgada, a nossa família nunca desistiu de ter justiça pela minha filha. Ela sempre vai fazer falta, não podemos apagar o que aconteceu, mas já vem um sentimento de gratidão por saber que ele vai responder pelo que fez”, destaca.
‘Sentimento de justiça’
De acordo com o advogado da família da vítima, Mário Badures, o caso de Ana Clara foi marcado por muitas reviravoltas. “Houve, primeiro, a acusação gravíssima de crime sexual com resultado morte, em que o juiz de Cubatão, em primeiro lugar, entendeu estar equivocada a capitulação, vindo depois a mandar o réu para o Tribunal do Júri [cuja competência é restrita aos crimes dolosos contra a vida] e, posteriormente, brindando o acusado com uma absurda absolvição, vindo por entender não ter prova da existência do fato”, lembra.
De acordo com Badures, mesmo após a primeira decisão, que definiu pela absolvição do réu, a acusação entrou com recurso. Nesta quarta-feira (17), no julgamento de recurso de apelação, Manoel foi, então, condenado a 32 anos em regime inicial fechado.
“No meu sentir, essa decisão, de fato, restabelece o equilíbrio, quando antes sempre pesou em prol do réu, que covardemente estuprou e matou uma jovem virgem, indefesa e com uma vida inteira pela frente. Foi uma honra atuar em prol da família da Ana Clara, motivo de orgulho poder ter contribuído pelo perfazimento da Justiça, e não ter ficado impune esse abjeto crime sexual, que resultou em tamanha tragédia para todos os familiares”, finalizou o advogado.
O G1 também tentou contato com o advogado de Manoel dos Santos Eleotério, para saber se a defesa recorrerá da decisão, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.