Considerado um dos primeiros buracos negros a ser descoberto, o Cygnus X-1 é maior do que se pensava. Estudo recente publicado pela revista Science afirma que ele tem um total de 21 massas solares, um aumento de 50% em relação às estimativas anteriores.
Para chegar a esse resultado, os pesquisadores utilizaram observações obtidas com o Very Long Baseline Array (VLBA), um sistema de dez radiotelescópios distribuídos nos Estados Unidos que operam juntos como se fossem um único instrumento.
Por meio desse equipamento, foi possível coletar dados mais precisos sobre a posição do objeto em relação às outras estrelas.
“Se pudermos ver o mesmo objeto de locais diferentes, podemos calcular sua distância de nós medindo a que distância o objeto parece se mover em relação ao fundo”, disse o pesquisador principal, Professor James Miller-Jones do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia (ICRAR).
“Se você colocar o dedo na frente dos olhos e vê-lo com um olho de cada vez, perceberá que seu dedo parece pular de um ponto a outro. É exatamente o mesmo princípio”, completou.
Depois de seis dias observando o céu com esse método, a equipe verificou a órbita completa do sistema e concluiu que o Cygnus X-1 está mais longe do que os estudos anteriores estimaram.
Eles combinaram os novos dados com dados ópticos obtidos anteriormente e perceberam que a nova medida resulta em um novo número para a massa do buraco negro: de 15 para 21 massas solares, aproximadamente.
Além disso, o estudo percebeu que o buraco negro gira muito rápido, com uma velocidade próxima à da luz e mais rápido do que qualquer outro corpo celeste massivo identificado até agora.
A pesquisa ainda indica que o Cygnus X-1 começou a vida como uma estrela que tinha aproximadamente 41 vezes a massa do Sol e entrou em colapso há algumas dezenas de milhares de anos.
A descoberta precisará ser averiguada mais vezes. Se tudo for confirmado, será um desafio para os atuais modelos de evolução estelar.
As estrelas perdem massa para o ambiente circundante por meio de ventos estelares que sopram de sua superfície, mas para fazer um buraco negro tão pesado, seria necessário diminuir a quantidade de massa que elas perdem durante suas vidas.
História
O Cygnus X-1 foi descoberto em 1964. Ele faz parte de um sistema binário junto com uma estrela companheira supergigante azul. Ambos giram em uma órbita muito próxima, que é completada a cada 5,6 dias.
Ele está a 6 mil anos-luz de distância da terra e é o buraco negro mais próximo já descoberto na Via Láctea.
Em 1974, Cygnus X-1 foi o foco de uma famosa aposta científica entre os físicos Stephen Hawking e Kip Thorne. Na época, Hawing afirmava que ele não era um buraco negro. Em 1990, ele reconheceu que perdeu a aposta, após dados indicarem uma singularidade gravitacional no sistema.
Ou seja, um dos dois objetos que compõem o sistema binário é bem mais massivo que o Sol e bastante compacto.