SALVADOR, BA, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Em 7 das 27 unidades federativas do Brasil o pico de mortes por Covid-19 em 2021 já superou o ponto mais alto da pandemia em 2020. Em Roraima, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná e Amazonas, a semana mais letal deste ano soma mais mortes que a pior do ano passado.
Nesta quarta-feira (24), o Brasil ultrapassou a marca de 250 mil mortes registradas por Covid-19.
Embora não haja consenso entre especialistas se o Brasil passa agora uma segunda onda da pandemia ou apenas um repique da primeira, em quase todos os estados o número de mortes voltou a crescer após um período de queda.
No Amazonas, onde esse fenômeno é mais expressivo, a semana com mais óbitos, no fim de janeiro, teve mais que o dobro de mortes daquela em que mais morreram pessoas em 2020: 149 e 66, em média, por dia, respectivamente.
O estado, que enfrentou grave colapso do sistema de saúde em abril do ano passado e em janeiro deste ano, é um caso incomum.
São poucas as regiões que foram epicentro de casos e mortes no início de 2020, passaram por período de queda constante e viram novamente a situação piorar.
Estados como Ceará, Pernambuco, Pará e Maranhão, que viveram situações muito graves já no início da pandemia e passaram por longo período com mortes em queda, hoje têm um cenário mais brando, com números ainda distantes do pico da primeira fase –ainda que com crescimento.
Já Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, que viram o ritmo de contaminação acelerar mais tardiamente, já em meados do ano passado, e tiveram períodos mais curtos de desaceleração, agora vivem uma disparada de mortes.
No caso desses três últimos estados, a nova alta de infecções pelo coronavírus, segundo epidemiologistas, pode indicar mais um repique que propriamente uma segunda onda da doença.
Cientistas ainda não sabem ao certo quanto tempo dura a imunidade de pessoas que tiveram a Covid-19 e se curaram, e há casos de reinfecção comprovados, embora raros. Especula-se, porém, que o corpo apresente menor resistência a novas variantes, o que pode ajudar a explicar o que ocorreu com britânicos e amazonenses.
No Reino Unido, assim como no Amazonas, a segunda fase foi mais grave que a primeira. Isso ocorreu em todas as regiões do país – incluindo a região de Londres, onde os casos se concentraram no início da pandemia.
Assim como ocorre no estado da região Norte brasileira, os britânicos enfrentam uma nova variante do coronavírus, com maior poder de disseminação.
Para efeito de comparação, o estado americano de Nova York e a região da Lombardia, na Itália, foram os locais mais afetados pelo coronavírus nos Estados Unidos e na Europa no início da primeira onda, entre março e abril do ano passado.
Desde o fim de 2020, casos e mortes voltaram a crescer nas duas localidades, mas não chegaram aos patamares do ano passado. A semana com pico de mortes na região italiana, por exemplo, teve menos da metade dos óbitos observados no pior período da pandemia, em março.
Já em Nova York, o pico da segunda onda equivale a 15% das mortes observadas no pico da primeira.
No Brasil, em quatro estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Santa Catarina) a atual fase da pandemia tem números que se aproximam, mas ainda não superam aqueles registrados no período mais crítico de 2020.
No Rio de Janeiro, embora as mortes apresentem tendência de queda, há aumento no número de casos, e é possível que haja nova subida de óbitos.
Já Santa Catarina, São Paulo e Bahia passam por período de crescimento de óbitos e infectados. Nos dois últimos estados, onde já foram detectados casos da nova variante do Amazonas, foi decretado toque de recolher à noite como tentativa de frear a evolução da epidemia.
No último mês, em todo o Brasil, morreram mais de mil pessoas por dia, em média, de Covid.