A Petrobras anunciou, nesta quinta-feira (18/2), mais um reajuste no preço dos combustíveis nas refinarias. A partir da sexta-feira (19), o valor médio do litro da gasolina será de R$ 2,48, alta de 10,2%, após reajuste de R$ 0,23. O preço médio do diesel será de R$ 2,58, depois de aumento de R$ 0,34 por litro, uma elevação de 15%.
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), desde a sexta-feira passada (12), a gasolina já sofreu aumento de R$ 0,42 por litro. Além dos reajustes da Petrobras, houve elevação do etanol anidro e revisão da base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “Daqui a 15 dias, o governo do DF vai revisar novamente o preço médio e teremos novo aumento”, afirmou o presidente do sindicato, Paulo Tavares.
A Petrobras já promoveu oito aumentos seguidos no preço da gasolina, disse Tavares. Apenas em 2021, segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), o combustível acumula alta de 34%. O diesel, como o reajuste que vai vigorar na sexta-feira, terá acumulado 27% de aumento este ano. Vale lembrar que os caminhoneiros de todo o país ameaçaram fazer uma greve em 1º de fevereiro, justamente por conta do alto preço do óleo diesel. Como o combustível é utilizado no frete, o aumento pesa na inflação de quase todos os produtos.
Tavares, do Sindicombustíveis-DF, questiona a política de preços da Petrobras, que é alinhada à paridade internacional. “O último reajuste elevou a gasolina em R$ 0,15. Agora, aumenta em R$ 0,23. A isso se soma o aumento do etanol anidro, no sábado (13), com impacto de R$ 0,10 no litro e mais a revisão do ICMS, outros R$ 0,10. De sexta-feira para cá, ou seja, em praticamente uma semana, o litro da gasolina aumentou mais de R$ 0,40”, lamentou.
O empresário destacou que a margem bruta da revenda está entre R$ 0,20 e R$ 0,50. “Com os R$ 0,40 de aumento, tem posto que vai trabalhar com margem negativa. Como vão ficar os preços nas bombas depende de cada posto, dentro da sua política de preços, sua capacidade de absorver os aumentos e também de estoque”, ressaltou. Ele lembrou que o barril de petróleo disparou, como alertou o Correio.
Para o assessor executivo da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Marlon Maues, a questão do preço dos combustíveis transcende a categoria dos caminhoneiros. “O aumento do diesel impacta na indústria naval, no agronegócio, no transporte de passageiros, na indústria e no comércio, porque o frete mais caro pesa no preço dos produtos. Quem sofre é a população”, disse.
Segundo Maues, a CNTA quer que os parlamentares questionem a Petrobras. “O caminhoneiro leva essa responsabilidade, mas não queremos que seja usado como massa de manobra. Clamamos para que os representantes legais, os parlamentares, questionem a política de preços dos combustíveis. É um problema nacional e uma falta de sensibilidade, em plena pandemia, a empresa buscar lucro acima de tudo”, afirmou.
Paridade
De acordo com a Petrobras, “o alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros refinadores, além da Petrobras”. Segundo a companhia, o equilíbrio competitivo é responsável pelas reduções de preços quando a oferta cresce no mercado internacional, como ocorrido ao longo de 2020.
A estatal informou, ainda, que as variações para mais ou para menos, associadas ao mercado internacional e à taxa de câmbio, têm influência limitada sobre os preços percebidos pelos consumidores finais. “O preço da gasolina e do diesel vendidos na bomba do posto revendedor é diferente do valor cobrado nas refinarias da Petrobras. Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores de combustíveis”, acrescentou.
Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a partir de levantamento de preços ao consumidor final em 13 capitais e regiões metropolitanas brasileiras, feito na semana 7 a 13 de fevereiro, a composição do preço da gasolina era a seguinte: 11% de revendas e distribuidoras; 14% de etanol anidro; 28% de ICMS, 14% de Cide, PIS/Cofins; e 33% de realização da Petrobras. No diesel, a composição, na mesma semana apurada pela ANP, era a seguinte: 14% de revendas e distribuidoras; 13% de biodiesel; 14% de ICMS; 8% de PIS/Cofins; e 51% de realização da Petrobras.