A Prefeitura do Rio confirmou a morte do segundo paciente contaminado com a nova variante do coronavírus no estado. O paciente de 46 anos era de Manaus, estava internado no Hospital Federal do Servidor e morreu na noite desta quinta-feira (18). Ele tinha hipertensão arterial sistêmica e obesidade, o que estaria relacionado ao agravamento do caso.
Ao todo, cinco pessoas foram identificadas no Rio de Janeiro com a nova cepa da doença.
Na terça (16), um homem de 55 anos morreu após testar positivo para a variante brasileira do coronavírus no RJ.
De acordo com o governo do estado, existe transmissão local das variantes brasileira e do Reino Unido do coronavírus no estado. A informação foi divulgada em uma nota conjunta das secretarias de Saúde do estado e do município no fim da noite desta quinta-feira (18).
Os dois órgãos estavam investigando o histórico dos pacientes, para saber onde eles foram contaminados.
Os outros três pacientes diagnosticados com a nova variante têm sintomas leves, segundo a prefeitura. São homens e uma mulher, com idades entre 30 e 40 anos, moradores da Freguesia, Laranjeiras e Copacabana.
Todos relataram que tiveram contato com casos suspeitos ou confirmados de Covid. Apenas um tinha feito uma viagem, no dia 30 de dezembro. Porém, o adoecimento só aconteceu em fevereiro, o que fez com que a Secretaria Municipal de Saúde descartasse a relação da viagem com a doença. O intervalo e maior que o período de incubação.
SMS concluiu que são casos de transmissão doméstica, na cidade do Rio. Um dos casos é da variante B1.1.7., vinda do Reino Unido. Outros dois casos são da variante P1, brasileira e do Amazonas.
Pacientes de Manaus
Desde o dia 29 de janeiro, o Rio recebeu 57 pacientes com covid vindos de Manaus.
A Defensoria Pública da União e do estado e o Ministério Público Federal e do Rio constataram irregularidades nessa transferência.
O que é uma mutação?
É uma mudança que ocorre de forma aleatória no material genético. Essas alterações ocorrem com frequência e não necessariamente deixam o vírus mais forte ou mais transmissível.
Por isso, pesquisadores acompanham o caminho das transmissões e fazem um mapeamento do material genético no decorrer da pandemia, uma forma de monitorar as versões que realmente merecem atenção.
“Algumas pessoas falam ‘ah, ele [o vírus] fez uma mutação para causar tal doença ou tal forma de se infectar’. Não. Isso não é direcionado”, explica Rute Andrade, bióloga doutora em saúde pública e membro da Rede Análise Covid-19, grupo multidisciplinar de pesquisadores brasileiros que coleta, analisa, modela e divulga dados sobre a doença.
“Por exemplo: uma mutação no SARS-CoV-2 que propiciaria a ele entrar mais facilmente na célula – ela seria sem querer, só que ela iria se fixar, porque mais vírus vão entrar na célula. E o que o vírus mais quer é entrar numa célula para se replicar”, acrescenta.
“Então, se ele consegue uma modificação ao original que facilite entrar melhor nas células, essa modificação vai dominar em relação às outras e, às vezes, até mesmo ao vírus ancestral”, completa Andrade, que também é e Conselheira da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).