Lula afirmou que, considerando o histórico de candidatos à reeleição, há chances de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ser reeleito em 2022. Segundo o petista, quem está no poder se mostra mais competitivo porque usa a força da máquina pública.
“Quem está no poder sempre será o candidato forte à sua reeleição porque o poder é uma máquina muito poderosa. Quem estiver no poder sempre deverá ser [competitivo], a não ser que seja um desastre”, disse Lula em entrevista ao portal UOL na manhã desta 5ª feira (18.fev.2021).
“Embora seja um desastre do ponto de vista social, econômico e político, efetivamente do ponto de vista eleitoral ele [Bolsonaro] mantém uma parcela da base mais à direita, mais raivosa. Acho que ele tem chance numa disputa de reeleição de segundo turno.”
Lula disse ter dúvidas sobre o potencial de outras candidaturas do campo da direita. Segundo Lula, o eventual lançamento do nome do apresentador Luciano Huck à Presidência seria “uma aventura”. Para ele, a única candidatura clara neste momento é a de Bolsonaro.
“Não sei qual será o potencial dos tucanos nessas eleições. Acho que o Huck é uma aventura, pegar um homem de TV e colocar ele numa frigideira de uma disputa política… Se ele vai se sair bem é uma aposta que não está dada ainda. Também não sabemos se o DEM vai ter candidato, o que sabemos é que o Bolsonaro tem candidato, que é ele”, afirmou.
CANDIDATO DO PT
Sobre o PT lançar Fernando Haddad como o pré-candidato para as eleições presidenciais de 2022, Lula disse apoiar a decisão do partido. Para ele, o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo é mais do que qualificado para a disputa após conseguir 47 milhões de votos na eleição de 2018.
No entanto, Lula também afirmou que o PT tem outros nomes para a disputa, como Rui Costa, atual governador da Bahia, Camilo Santana, governador do Ceará, e Wellington Dias, governador do Piauí.
Segundo Lula, a pré-candidatura de Haddad pode ser alterada até a campanha eleitoral começar. Para ele, ainda é preciso conversar com a sociedade e os movimentos sociais para que isso seja de fato decidido. “Vamos discutir o Brasil e depois discutimos candidatos“.
Haddad já falou em entrevistas que gostaria de ver Lula como candidato. Para que isso aconteça, as condenações do ex-presidente na operação Lava Jato precisam ser anuladas no STF (Supremo Tribunal Federal).
Lula disse que não deseja ser candidato, mas afirmou que se isso for necessário para derrotar o presidente Jair Bolsonaro, ele concorda em disputar novamente a Presidência da República.
“[A candidatura] vai depender das circunstâncias políticas, do momento e do PT. Vai depender se for necessário ou não eu ser candidato. Eu já fui presidente da República, não preciso ser novamente. Para que eu seja candidato é preciso ter uma razão maior. Se for necessário para derrotar o tal do bolsonarismo, não tenha dúvida nenhuma de que eu vou estar a disposição“, disse Lula.
FRENTE AMPLA: “NO 2º TURNO”
Lula afirmou ainda que uma frente ampla contra Bolsonaro nas eleições de 2022 é um compromisso para o 2º turno. Segundo Lula, o PT precisa ter um candidato para o 1º turno. Mas, no 2º turno, o partido irá apoiar o candidato “mais democrático” que estiver concorrendo.
“O melhor candidato, o mais democrático vai ter de mim o apoio necessário“, disse.
“Mas como você vai escolher quem é o candidato da frente ampla? Tem uma prévia, uma pesquisa? A melhor prévia que tem é o 1º turno. Todo mundo que puder lança candidato com o compromisso de que no 2º turno todo mundo se junta“, declarou.
Lula citou nomes de outros partidos que ele acredita que também devem estar no 1º turno. Entre eles, Ciro Gomes, do PDT, e Guilherme Boulos, do Psol. Lula falou que o compromisso no 2º turno é algo histórico, porque esse é um momento de “alianças“.
O petista garantiu, ainda, que mesmo que não seja o candidato do PT que vá para o 2º turno, o partido irá apoiar. E completou: “O que não pode é depois um inventar de ir para Paris, para a Suécia, outro ir para Nova York. Não dá. Temos que fazer um pacto“.
A dificuldade da frente ampla, para o Lula é que a discussão já começa com um veto a candidatos do PT. Sobre a possibilidade de um cenário similar a 2018, Lula diz que a situação de popularidade do presidente Jair Bolsonaro é diferente agora.
“2º turno é procurar outras forças políticas para conversar, como o PT sempre fez. A grande aliança se dá no 2º turno, sempre foi assim. A frente ampla é no 2º turno“, disse Lula.