Apaixonado por corrida, Pedro Marques, de 44 anos, interrompeu a prática do esporte durante o período de quarentena. Recentemente, resolveu retomar o hábito de forma intensa e o resultado foi diagnóstico de hérnia de disco. Ele conta que mesmo sabendo que deveria ter voltado aos poucos, estava querendo tanto “tirar o atraso” e acabou se machucando. “Um dia estava correndo e comecei a sentir dores no lado esquerdo do corpo, fiz uns exames e isso me deixou muito assustado porque o médico me pediu exame para leucemia e esclerose múltipla. Graças nenhum problema, mas tive lesões nas costas, hérnia de disco bico de papagaio. Estou me tratando, fazendo fisioterapia, tenho que me cuidar.”
O isolamento social e outras medidas fizeram com que muitas pessoas virassem sedentárias ou se tornassem ainda mais sedentárias. Além do aumento do peso pela falta de movimentação, os médicos têm notado também o crescimento de queixas de lesões musculares, tanto naquelas pessoas que praticam exercícios com a ajuda da internet, como naquelas que decidiram correr na rua. O neurocirurgião do Hospital Albert Einstein Marcelo Valadares diz que tem visto muitos pacientes, entre jovens e idosos, com problemas que vão desde lesões musculares mais simples até fraturas em razão do novo hábito. “O número de pacientes com lesões das mais diversas possíveis, sejam lesões musculares, de coluna, de joelho, aumentou muito. As pessoas precisam ter consciência que fazer atividade física não é algo tão simples. Uma caminhada é muito tranquila, mas se você quiser começar a correr, nadar, ou praticar esportes possíveis nesse momento, é preciso ter uma orientação especializada”, disse. De acordo com o neurocirurgião, amadores que começam a realizar atividade física tem risco até 21% de lesões em atividades. Em corrida, o número sobe pra 83% se não forem supervisionados por um profissional qualificado.