Israel registrou queda de 60% no número de internações de idosos após o início da campanha de vacinação contra a covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde local. Além disso, o país já tem mais da metade de sua população vacinada: são 52,6%, o que lhe dá a liderança mundial nesse quesito no ranking do projeto “Our World in Data”, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, de acordo com dados atualizados nesta sexta-feira (29).
Até agora, erca de três milhões de pessoas receberam a primeira dose da vacina da Pfizer em Israel, enquanto cerca de um milhão e meio também receberam a segunda, conforme o governo local.
A pediatra Fávia Bravo, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), afirma que a diminuição da hospitalização entre a população idosa é resultado da alta cobertura vacinal combinada com medidas de prevenção ao novo coronavírus já amplamente recomendadas por autoridades de saúde. “Se você fizer a lição de casa, vai ter controle [do cenário pandêmico]”, resume. Israel passa pelo seu terceiro lockdown desde o dia 27 de dezembro.
O país tem 9 milhões de habitantes e um território pequeno. Essas características ajudam na distribuição e no acesso da população a vacinas, lembra a especialista. “Eles fizeram um planejamento eficiente e conseguiram atrair a população para os locais de vacinação com segurança”, afirma. “Compraram [doses], receberam, aprovaram e começaram a vacinar rapidamente”, acrescenta.
Ainda em junho de 2020, Israel fechou acordo com a Moderna para a compra do imunizante da empresa. Meses depois, em novembro, garantiu 8 milhões de doses da vacina da Pfizer, segundo a agência Reuters.
De acordo com reportagem do jornal britânico Financial Times, 17 conversas entre o presidente-executivo da Pfizer, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Saúde israelense foram essenciais para que o país conseguisse garantir mais doses da vacina contra a covid-19 do que o necessário para imunizar toda a sua população.
Nesta quarta-feira (27), durante uma intervenção virtual no Fórum Econômico Mundial em Davos, Netanyahu afirmou que o principal argumento em sua negociação bem-sucedida e inicial com a Pfizer para obter vários milhões de doses rapidamente foi que Israel “poderia servir como um laboratório global para imunidade de rebanho”, devido à velocidade com que o país poderia inocular a vacina em sua população. As informações são da agência EFE.
Apesar do êxito, o país vem recebendo críticas por não estar vacinando palestinos e foi cobrado pela ONU (Organização das Nações Unidas) a respeito disso.
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A professora Valéria Maria Augusto, do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) destaca que por ser um país pequeno e com alta tecnologia, Israel servirá para o resto do mundo como um estudo de fase 4 sobre a eficácia da vacina.
Sobre a possibilidade de o Brasil seguir o exemplo israelense, a professora afirma ser inviável por causa de sua diversidade geográfica e populacional. “Mas o sistema de vacinação tem uma capilaridade muito grande e isso vai garantir a imunização no país”, analisa.
“A gente tem ribeirinhos, quilombolas, população aldeada”, concorda Flávia. “Mas todos os países deveriam fazer sua lição de casa: realizar um planejamento, prevendo intercorrências, características geográficas e procura ativa de pessoas que não podem se deslocar [para tomar a vacina”, pondera.