A taxa de desemprego recuou no trimestre encerrado em novembro de 2020 e ficou estável em 14,1%, atingindo cerca de 14 milhões de brasileiros. Essa é a taxa mais alta para esse trimestre móvel desde o início da série histórica, em 2012.
Os dados constam da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal), divulgada nesta quinta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No trimestre encerrado em agosto, a taxa de desemprego estava em 14,4%, o que indica, segundo o IBGE, um cenário de estabilidade. Por outro lado, na comparação o mesmo trimestre de 2019 (11,2%), o aumento é considerável, de 2,9 pontos percentuais.
Já o número de pessoas ocupadas aumentou 4,8% neste trimestre e chegou a 85,6 milhões. Isso significa que mais 3,9 milhões de pessoas entraram no mercado de trabalho entre o último trimestre e o que se encerrou em novembro. Por conta disso, o nível de ocupação subiu para 48,6%.
Segundo Adriana Berunguy, analista da pesquisa, o crescimento da ocupação se dá não apenas pelo retorno de pessoas ao mercado de trabalho, pós flexbilização das medidas adotadas para o enfrentamento da pandemia de covid-19, mas também pela sazonalidade de fim de ano, especialmente no comércio, por conta do aumento da demanda em razão do período de festas.
“O crescimento da população ocupada é o maior de toda a série histórica. Isso mostra um avanço da ocupação após vários meses em que essa população esteve em queda. Essa expansão está ligada à volta das pessoas ao mercado que estavam fora por causa do isolamento social e ao aumento do processo de contratação do próprio período do ano, quando há uma tendência natural de crescimento da ocupação”, explica.
O aumento na ocupação se deu em nove dos dez grupos de atividades pesquisadas, mas foi mais intenso no Comércio. Segundo o IBGE, mais 854 mil pessoas passaram a trabalhar no setor no trimestre encerrado em novembro.
“O Comércio nesse trimestre, assim como no mesmo período do ano anterior, foi o setor que mais absorveu as pessoas na ocupação, causando reflexos positivos para o trabalho com carteira no setor privado que, após vários meses de queda, mostra uma reação”, ressalta Adriana.
Além do Comércio, vale destacar a Indústria Geral, que teve aumento de 4,4%, ou mais 465 mil pessoas, mas também Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, com expansão de 2,6% no período, a partir da entrada de mais 427 mil empregados nesse setor.
“Além do Comércio, outras oito atividades econômicas investigadas pela pesquisa cresceram significativamente na ocupação, mostrando que esse processo de absorção de trabalhadores também avançou em outros setores, como Construção (8,4%, ou mais 457 mil pessoas), Transporte, armazenagem e correio (5,9%, ou mais 238 mil pessoas) e Alojamento e alimentação (10,8%, ou mais 400 mil pessoas)”, diz a pesquisadora.
De acordo com a Pnad, a maior parte do crescimento da ocupação veio novamente do mercado informal. Um exemplo disso é o aumento de 11,2% no número de empregados no setor privado sem carteira assinada, que chegou agora a 9,7 milhões. Com esse acréscimo, a taxa de informalidade chegou a 39,1% da população ocupada, o que representa 33,5 milhões de trabalhadores informais no Brasil. No trimestre anterior, taxa foi de 38%.
“Os trabalhadores informais foram os mais afetados no começo da pandemia e também foram os que mais cedo retornaram a esse mercado. A população informal nesse mês de novembro corresponde a cerca de 62% do crescimento da ocupação total e, no trimestre encerrado em outubro, respondia por quase 89% da reação da ocupação. Então, a informalidade passa a ter uma participação menor em função da reação da carteira de trabalho assinada”, completa Adriana.