Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica da deputada Flordelis (PSD-RJ), disse que pagou R$ 5.000 pela morte do padrasto Anderson do Carmo, em 16 de junho de 2019.
A confissão foi feita em depoimento realizado na 6ª feira (22.jan.2021).
Simone, que está presa desde agosto de 2020 por acusação de envolvimento no caso, afirmou que o dinheiro foi entregue para Marzy Teixeira, sua irmã (filha adotiva de Flordelis), para que ajudasse no assassinato.
“Dei R$ 5 mil para Marzy. Disse que não aguentava mais. Pedi para ela me ajudar. Estava passando por maus momentos. Não havia um plano. Só estava desesperada”, declarou.
Ela alegou que só tomou a atitude por não aguentar mais as investidas sexuais por parte de Anderson. Simone disse ter flagrado o pastor se masturbando no pé de sua cama e que ele subia em seu quarto “de manhã e à noite”.
“Todos os dias ele subia no meu quarto de manhã e à noite. Mas eu nem acreditava que ela [Marzy] teria coragem de fazer isso de fato. Entreguei a ela o dinheiro e depois não soube de mais nada”, afirmou.
“Ele sempre demonstrou [interesse], mas começou a dar a entender em 2012, quando ele começou a pagar meu tratamento. Ele falava para eu olhar para ele com carinho. Disse que se eu não andasse na cartilha dele, ele não pagaria meu tratamento”, disse a filha da congressista.
A advogada Daniela Grégio, que defende Simone, declarou que o crime ocorreu “em defesa da honra” de sua cliente.
“Simone planejou o crime para defender sua honra e porque não aguentava mais as investidas [de Anderson]. Nossa tese será de que ela sofreu coação moral irresistível”, disse Daniela.
O advogado de Flordelis, Anderson Rollemberg, disse que a confissão de Simone tira a responsabilidade da deputada, que é acusada de arquitetar a morte de Anderson.
DEPOIMENTO DE MARZY
Marzy Teixeira, acusada de receber o dinheiro, apresentou uma versão diferente em seu depoimento. Ela disse ter oferecido R$ 5.000 ao seu irmão, Lucas dos Santos, para que ele cometesse o assassinato, mas não afirmou que recebeu a quantia de Simone.
Marzy disse ainda que contou à Flordelis sua intenção de assassinar Anderson, o que contradiz o depoimento da mãe. A congressista disse ter ficado sabendo do plano pelo filho.
FIM DOS DEPOIMENTOS
A sessão encerrou os depoimentos sobre o caso. Com isso, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, abriu um prazo de 5 dias para as defesas, o Ministério Público e o assistente de acusação apresentarem pedidos de diligências.
Na sequência, todos deverão fazer as alegações finais no processo. Por fim, a juíza vai decidir quais réus irão a júri popular pelo crime.