A Indonésia aprovou na manhã desta segunda-feira, 11, o uso emergencial da Coronavac, vacina contra covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac que, no Brasil, contou com a parceria do Instituto Butantã. O órgão regulador indonésio (BPOM) relatou taxa de eficácia de 65,3% após testes próprios, inferior à eficácia de 78% informada pela instituição brasileira.
“Esses resultados estão de acordo com o requisito de eficácia mínima de 50% estabelecido pela Organização Mundial de Saúde”, disse a chefe do BPOM, Penny Lukito. Segundo a agência Reuters, um servidor da agência regulatória disse que a taxa de eficácia foi determinada a partir da confirmação de 25 casos de covid-19 entre os 1.600 voluntários dos estudos clínicos no país, mas não deu mais detalhes. A vacina foi testada em pessoas de 18 a 59 anos.
Especialistas em saúde pública questionam o quão bem sucedida será a distribuição da vacina devido ao número limitado de doses disponíveis, desafios logísticos e ceticismo em torno do imunizante.
Para Dale Fisher, consultor sênior da Divisão de Doenças Infecciosas da Universidade de Cingapura, a falta de transparência na divulgação de dados detalhados dos estudos clínicos pode ser outro problema. “A comunicação é mais importante que nunca”, disse ele.
O quarto país mais populoso do mundo é o primeiro – além da China – a aprovar a Coronavac para uso emergencial. A imunização na Indonésia está marcada para começar já nesta semana. O presidente Joko Widodo deve ser o primeiro cidadão a receber a dose da Coronavac no país. “Por que o presidente é o primeiro? Não para se colocar na frente, mas para que todos acreditem que a vacina é segura e lícita”, escreveu Widodo em seu Twitter na última quinta-feira.
Cerca de 1,3 milhão de profissionais da linha de frente contra o coronavírus devem ser os primeiros a receber a vacina. Em seguida, na tentativa de recuperar a economia, a Indonésia planeja priorizar trabalhadores jovens em vez de pessoas do grupo de risco, como idosos.
A Indonésia já registrou mais de 830 mil casos de covid-19 e 24 mil mortes em decorrência da doença. Mais de um décimo dos óbitos ocorreram nas duas últimas semanas.
A vacina contra o novo coronavírus da Sinovac passou por testes clínicos de fase três em Brasil, Indonésia e Turquia – país que, por sua vez, anunciou eficácia de 91,25%.
Brasil
A Coronavac ainda aguarda autorização da Anvisa para uso emergencial no País. De acordo com o órgão regulador brasileiro, o Instituto Butantã não entregou toda a documentação necessária para os trâmites legais. Em entrevista à CNN Brasil na noite de ontem, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse que vai analisar as pendências com a Anvisa ainda nesta manhã.
Epidemiologistas e microbiologistas têm pedido à equipe da Coronavac no Brasil a disponibilização dos estudos completos do imunizante, ainda não divulgados. Como explicou ao Estadão/Broadcast o infectologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do centro da pesquisa da Coronavac no Hospital das Clínicas, a taxa de eficácia de 78% informada na última quinta-feira é somente um recorte do estudo da vacina e não corresponde ao índice geral de eficácia, que deve ficar abaixo dos 78% informados.