Pesquisadores do laboratório Dasa afirmaram nesta quinta-feira (31) que identificaram a nova variante do coronavírus em dois pacientes em São Paulo. Trata-se da cepa B.1.1.7 do SARS-CoV-2, a mesma detectada no Reino Unido.
A descoberta foi encaminhada ao Instituto Adolfo Lutz e à Vigilância Sanitária, segundo o laboratório.
“O estudo foi iniciado em meados de dezembro, quando o Reino Unido publicou as primeiras informações científicas sobre a variante, que se caracteriza por apresentar grande número de mutações, oito delas ocorrendo na proteína da espícula viral (spike)”, informou a Dasa, por meio de nota.
Foram analisadas 400 amostras de testes RT-PCR e duas apresentaram a linhagem B.1.1.7. De acordo com o laboratório, a confirmação da cepa em dois pacientes foi feita por meio de sequenciamento genético realizado em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMT-FMUSP).
“O sequenciamento confirmou que a nova cepa do vírus chegou ao Brasil, como estamos observando em outros países. Dado seu alto poder de transmissão, esse resultado reforça a importância da quarentena e de manter o isolamento de 10 dias, especialmente para quem estiver vindo ou acabado de chegar da Europa”, afirmou Ester Sabino, pesquisadora do IMT-FMUSP, por meio de nota divulgada pelo laboratório.
No Reino Unido, já há mais de 3 mil casos registrados da nova variante, o que representa mais de 50% dos novos casos diagnosticados, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). A mesma mutação já foi identificada no Chile, Paquistão, Hong Kong, Cingapura, Canadá e Israel.
A mutação aumenta em 70% a transmissibilidade do vírus, mas não agrava a infecção, segundo análise do ECDC (Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças) divulgada na terça-feira (29).
A Dasa informou que está com outra pesquisa em andamento, em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da USP, de isolamento e cultivo dessa nova linhagem do vírus em meio de cultura, no laboratório, para gerar material que permita testar a eficiência dos testes de diagnóstico que só se baseiam em proteína S com esta variante.
“Alguns testes de imunologia e de sorologia que só identificam a proteína S podem apresentar resultados falso negativos nos diagnósticos dessa nova variante. Estamos antecipando a avaliação para definir os exames que sofram menos interferência em seu desempenho de diagnóstico, numa eventual expansão dessa variante no Brasil”, explicou Gustavo Campana, diretor médico da Dasa, por meio de nota.