O ‘Ano da Pandemia’. Essa deverá ser a memória de muitos quando se falar de 2020 daqui para frente. Na virada do ano, o novo coronavírus ainda parecia ser uma realidade distante, com os primeiros casos confirmados na província de Wuhan (China). Mas a epidemia logo tomaria proporções mundiais e chegaria ao Brasil, com o primeiro caso confirmado no dia 26 de fevereiro.
Não demoraria muito para que a doença chegasse até a Paraíba e provocasse uma verdadeira revolução na rotina dos paraibanos.
O início
O dia 18 de março ficou marcado como o ‘Dia Zero’ da pandemia na Paraíba. Foi a data em que foi notificado o primeiro caso da Covid-19 em território paraibano – um homem, de 60 anos, residente em João Pessoa, que tinha viajado para a Europa e retornado ao Brasil no dia 29 de fevereiro.
Dois dias depois, o Governo do Estado declarou estado de calamidade pública com a publicação de um decreto no Diário Oficial. No documento, foi ordenado o fechamento de bancos, comércios, shoppings, academias, bares, restaurantes, entre outros estabelecimentos.
Escolas e universidades já tinham se antecipado e suspendido as aulas antes da notificação do primeiro caso. O efeito disso foi sentido nas ruas: nos primeiros dias, era comum ver ruas e avenidas desertas em todo o estado.
A primeira morte foi registrada no dia 31 de março – um homem, de 36 anos, residente em Patos e que estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Clementino Fraga, em João Pessoa.
A partir daí, gradativamente os casos foram subindo e acompanhando a evolução da pandemia no país e no mundo. No dia que se completou o primeiro mês (18 de abril), os casos já chegavam a 236; no segundo (maio), a 4.786. No terceiro mês (junho), o que todo mundo temia: a curva já estava em franca ascendência e o número de casos confirmados chegava a 31.760. Em julho, o número de novas mortes registradas por dia bateu um recorde: 42 óbitos no dia 02.
Em meio a alta de casos e mortes, o Governo do Estado lançou no dia 15 de junho um plano para orientar a retomada gradual das atividades econômicas do estado, o ‘Novo Normal Paraíba’. O plano estabeleceu bandeiras de acordo com o nível de restrições que deveriam ser aplicadas para conter o avanço da pandemia (verde, amarela, laranja, vermelha). No primeiro estágio da retomada, algumas atividades foram liberadas, como o transporte intermunicipal e as rodoviárias, bem como a construção civil. João Pessoa, Cabedelo e Campina Grande também estabeleceram seus próprios planos, de acordo com o nível de contaminação.
A aparente ‘calmaria’
No dia 18 de setembro, com seis meses de pandemia, o número de casos chegava a 115.359 e o de mortos a 2.670. O crescimento nos números já indicava um ‘platô’ da epidemia no estado. A diminuição dos casos de coronavírus na Paraíba estaria ligada à queda de testagem.
A flexibilização das atividades já dava resultados na economia, que em agosto registrou alta na arrecadação de impostos após quatro meses seguidos de queda.
A rotina nas cidades já estava se adequando ao ‘novo normal’. João Pessoa, por exemplo, tinha 75% da frota de ônibus operando em setembro. Campina Grande ampliou os horários de bares, restaurantes e linhas de ônibus após registrar queda nos números de internações e casos de Covid-19 na cidade.
Números voltam a subir
Completados oito meses do primeiro caso na Paraíba, os números da Covid-19 voltaram a apresentar tendência de alta, com o índice de transmissibilidade (R efetivo, que representa a capacidade de uma pessoa infectada de transmitir a doença para outras pessoas) passando de 1, indicando a doença está ativa e que o vírus circula com alguma intensidade.
Na mesma época, três hospitais de João Pessoa registraram 100% de ocupação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Naquela altura, o Estado contabilizava 139.776 infectados e 3.216 mortos.
A pandemia na Paraíba entrou no último mês do ano com hospitais do Sertão com ocupação perto dos 100% e a confirmação do primeiro caso de reinfecção por Covid-19 do país.
Sem festas e à espera da vacina
Com os números de casos ainda altos, as festas de fim de ano se tornaram inviáveis. Em João Pessoa, a prefeitura cancelou festas, show pirotécnico e apresentações musicais de Natal e réveillon.
O Governo do Estado também decretou restrições para o horário de bares e restaurantes no Natal e Ano Novo, para evitar aglomerações e aumentar a propagação do vírus.
O ano chega ao fim com a esperança de que a vacina chegue logo. O Governo Federal lançou em 16 de dezembro o Plano Nacional de Vacinação, que prevê imunizar 51,4 milhões de pessoas no primeiro semestre de 2021 e toda a população brasileira entre 12 e 16 meses.
Para isso, uma das vacinas já prontas tem que ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A mais próxima da aprovação, no momento, é a desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford (Inglaterra) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O Governo Federal estima que 15 milhões de doses do imunizante devem chegar ao Brasil entre janeiro e fevereiro e, até o meio do ano, a vacina seja inteiramente produzida pela Fiocruz.
Na Paraíba, o secretário de Saúde, Geraldo Medeiros, afirmou que até março o Estado deverá receber as primeiras doses da vacina. Daqui para lá, máscara, álcool em gel e distanciamento ainda serão necessários para que muitos na Paraíba, no Brasil e no mundo não pereçam por conta da doença.