A Polícia Federal (PF), em conjunto com a Receita Federal, sequestrou cerca de R$ 400 milhões em bens do narcotráfico nesta segunda-feira (23) na Operação Enterprise, a maior do ano no combate à lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.
Os agentes cumprem 151 mandados de busca e apreensão e 66 de prisão em dez estados – Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco.
Também foram expedidos mandados de prisão internacionais na Interpol para oito investigados, além da identificação e sequestro de bens em outros países.
A PF informou que foram apreendidos diversos veículos, 37 aeronaves – dentre elas, uma avaliada em US$ 20 milhões –, várias armas de fogo e 200 kg de cocaína.
Segundo a corporação, a PF está “dando sequência ao cumprimento de diretrizes de descapitalização patrimonial, prisão de lideranças e cooperação internacional”. A ação é a maior do ano em sequestro patrimonial e o valor apreendido está unificado em aeronaves, imóveis e veículos de luxo.
As investigações começaram em setembro de 2017, com uma apreensão de cocaína no Porto de Paranaguá, no Paraná. As autoridades tentavam identificar o grupo responsável e, em março de 2018, conseguiram a aprovação de medidas cautelares, como interceptação telefônica e quebra de sigilo bancário. Na ocasião, os agentes identificaram o principal alvo, um brasileiro que vive na Europa e tem um “patrimônio gigantesco”.
A organização criminosa era composta da seguinte forma: dois grupos atuavam na logística da droga no Porto de Paranaguá; um na logística do transporte e tinha sede em São Paulo; um na logística do transporte aéreo e tinha sede em São José do Rio Preto, no interior de SP; um em Natal (RN) era responsável por enviar a droga para a Europa em embarcações de pesca; um outro no Rio Grande do Norte enviava remessa do produto através de exportações de frutas; e dois subgrupos distribuíam a cocaína para Paranaguá e SP, sendo um no Mato Grosso e o outro no Mato Grosso no Sul.
50 toneladas de cocaína apreendidas
A operação é “uma das maiores da história na apreensão de cocaína nos portos brasileiros, uma vez se tratar de uma organização criminosa especializada no envio de cocaína para a Europa”. Desde o início das investigações até a ação de hoje, foram apreendidas 50 toneladas da droga nos portos do país, da Europa e da África, o que indica que o grupo investigado é um dos maiores em atuação no Brasil.
Os suspeitos utilizavam vários “laranjas” e empresas fictícias para lavar bens e ativos multimilionários no Brasil e no exterior, na tentativa de dar uma aparência de legalidade ao lucro obtido com o tráfico.
De acordo com a PF, o nome da operação é uma “alusão à dimensão da organização criminosa investigada, que atua como um grande empreendimento internacional na lavagem de dinheiro e exportação de cocaína, o que trouxe alto grau de complexidade à investigação policial”.