Uma molécula sintética desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) levanta a possibilidade de cura para alguns tipos de câncer. Segundo resultados da pesquisa, na fase pré-clínica do estudo, os tumores de mama e alguns tipos de leucemia regrediram consideravelmente. Os testes foram realizados em camundongos e em células que mimetizam as do organismo humano.
Os testes também revelaram que o composto, nomeado de A398, não tem efeito inflamatório, comum em muitas drogas usadas contra células cancerígenas. “Isso é um ganho para o conforto do paciente, que já está debilitado pelo tratamento”, ressaltou o coordenador do estudo, o professor Demetrius Araújo. No entanto, ele alerta que os resultados ainda precisam ser comprovados em humanos, na fase clínica do estudo.
Conforme o professor Demetrius, o composto tem origem a partir da estrutura química de uma planta muito tóxica que já é usada há anos no tratamento do câncer, mas, que causa fortes efeitos colaterais. De acordo com Demetrius, foram feitas algumas substituições nos elementos da estrutura para minimizar esses efeitos, sem perder a ação anticancerígena.
Demetrius destaca que “apesar de o estudo ser uma relevante contribuição no combate ao câncer, não se pode afirmar que o composto, que só foi testado em laboratório até agora, representa a cura da doença”. Além disso, o professor também acrescentou que “é difícil haver uma única droga que sirva para os muitos tipos de câncer existentes”.
Sobre os testes em humanos, o coordenador disse que para a pesquisa avançar é preciso fechar parceria com alguma empresa interessada em desenvolver. “Os resultados, que foram criteriosamente analisados, são muito bons […] o conhecimento obtido na UFPB, com essa pesquisa, gerou um produto útil para a sociedade”, enfatizou.
Dependendo do progresso dos testes, a fase clínica pode durar, em média, de três a cinco anos, até que os fármacos possam finalmente ser disponibilizado para pacientes com câncer.