O Superior Tribunal de Justiça (STJ), um dos quatro tribunais superiores do Brasil, acionou a Polícia Federal na terça-feira (3) para investigar a ocorrência de um ataque hacker aos seus sistemas. Hoje (5), uma fonte ligada ao tribunal contou ao Bastidor que se trata de uma situação gravíssima, com toda a base de dados do tribunal criptografada, completamente inacessível para cidadãos e funcionários da Corte.
O Bastidor fala ainda que empresas terceirizadas, bem como a PF, estão tentando descriptografar os servidores do STJ, mas não parece haver qualquer indicação no momento de que os técnicos contratados consigam realizar a tarefa nos próximos dias. A situação é ainda pior porque até mesmo os backups do Tribunal foram criptografados pelos criminosos.
Com isso, o STJ está totalmente às escuras no momento, sem acesso a um imenso e histórico acervo de processos judiciais. O ataque é certamente o mais grave já deflagrado a uma instituição do Estado brasileiro na história do país.
O que aconteceu
Segundo informações do G1, um relatório da área de tecnologia da Corte, obtido pela TV Globo, revelou que uma indisponibilidade do sistema ocorrida por volta das 15h da segunda-feira (2) determinou a interrupção dos julgamentos. Os técnicos do tribunal identificaram um ataque externo e passaram a avaliar a extensão dos danos.
A princípio, foi feita uma verificação no sistema interno de proteção de rede, mas depois os técnicos verificaram que a origem do erro era o servidor onde estão hospedados quase todos os sistemas do STJ. Somente à noite, foi detectado um arquivo com características compatíveis a um vírus, criado alguns minutos antes.
O relatório técnico esclarece que uma nova análise, desta vez realizada pelo suporte do fabricante dos equipamentos, confirmou que a falha ocorreu por causa de um ataque cibernético, o qual comprometeu a integridade dos arquivos do sistema. Desde o ataque, todos os sistemas da Corte estão inoperantes, incluindo comunicações por e-mail.
Providências tomadas
Mais tarde, novos ataques foram descobertos, cujo destino seria a área de backup dos sistemas, segundo o documento. Então, foi determinado que fossem derrubados os links de acesso à internet do STJ e o bloqueio de todos os usuários que haviam utilizado a rede nas últimas 24 horas.
No momento, os técnicos estão trabalhando para recuperar o sistema, por meio de backups armazenados em fitas. Durante a pandemia, todas as sessões de julgamento do STJ estão sendo realizadas por videoconferência.
O ministro Humberto Martins, que assumiu a presidência da Corte em agosto passado, enviou mensagem aos demais ministros, cancelando todas as sessões de julgamento virtuais e/ou por videoconferência, até que seja restabelecida a segurança no tráfego de dados do tribunal.
Martins também recomendou aos ministros e servidores que evitem ligar computadores com algum tipo de conexão aos sistemas informatizados da Corte, mesmo os pessoais, e inclusive os e-mails devem ser evitados até a situação se normalizar.