Dados divulgados nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em cinco meses, mais de 4,1 milhões de brasileiros entraram para a fila do desemprego diante da pandemia do novo coronavírus. Entre a primeira semana de maio e a penúltima de setembro, aumentou em 43% o número de desempregados no país.
De acordo com o levantamento, o país encerrou a penúltima semana de setembro com cerca de 14 milhões de desempregados, o maior contingente observado desde o começo da pesquisa. Na primeira semana de maio, eram 9,8 milhões de trabalhadores em busca de uma ocupação no mercado de trabalho.
Com isso, a taxa de desemprego passou de 10,5% para 14,4%, a maior de todo o período pesquisado.
O levantamento foi feito entre os 20 e 26 de setembro por meio da Pnad Covid19, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal no Brasil. Esta foi a última edição da pesquisa semanal.
Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Covid19 não é comparável aos dados da Pnad Contínua, que é usada como indicador oficial do desemprego no país, devido às características metodológicas, que são distintas.
Os dados da Pnad Contínua mais atuais são referentes a julho, quando o país atingiu taxa de desemprego recorde, de 13,8%, com mais de 13,1 milhões de brasileiros em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho.
Flexibilização do isolamento pressiona o desemprego
Na comparação com a terceira semana de setembro, aumentou em cerca de 700 mil o número de desempregados, fazendo a taxa de desemprego passar de 13,7% para 14,4% em uma semana. Essa alta, no entanto, é considerada como uma estabilidade estatística pelo IBGE.
A gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, avaliou que o avanço da flexibilização do isolamento social por todo o Brasil tem relação direta com o aumento do desemprego ao longo de todo o período do levantamento.
A pesquisadora ressaltou que a população ocupada no mercado de trabalho se manteve estável durante a maior parte do levantamento, o que sugere que o desemprego foi pressionado por um maior número de pessoas buscando emprego, ou seja, não houve corte expressivo de postos de trabalho no país.
Na penúltima semana de setembro, a população ocupada foi estimada em cerca de 83 milhões de pessoas. Na primeira semana de maio, esse contingente era de cerca de 83,9 milhões. O menor contingente de ocupados havia sido registrado na primeira semana de julho, com 81,1 milhões de trabalhadores ativos no mercado.
O nível de ocupação ficou em 48,7% na última semana do levantamento, estável na comparação com o registrado na primeira semana de maio, que foi de 49,4%.
Também se manteve estável o número de pessoas que não estava trabalhando nem procurava por trabalho no país – eram cerca de 73,4 milhões de pessoas na penúltima semana de setembro contra 76,2 milhões na primeira de maio.
O IBGE destacou, no entanto, que caiu de 27,1 milhões na primeira semana do levantamento para 25,6 milhões o número de pessoas fora da força de trabalho que disseram que gostariam de trabalhar, embora não procurassem por uma ocupação.
Informalidade tem queda
O levantamento mostrou que o número de trabalhadores informais teve queda de, aproximadamente, 1,6 milhão entre o começo e o fim da pesquisa. Na primeira semana de maio, eram o país tinha cerca de 30 milhões de pessoas trabalhando na informalidade, número que caiu para 28,4 milhões na penúltima semana de setembro.
O IBGE considera como trabalhadores informais aqueles profissionais sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores e por conta própria) e sem remuneração.
O órgão enfatiza que a informalidade é a via de mais fácil acesso ao mercado de trabalho e que, por isso, tende a ser o primeiro meio de ocupação a reagir diante de uma crise financeira como a estabelecida pela pandemia do coronavírus. Ou seja, a evolução da informalidade ao longo da pandemia indica que há certa estagnação do mercado de trabalho no país.