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Qualquer análise do empate entre Flamengo e Bragantino precisa ser contextualizada com a maratona de jogos que a equipe rubro-negra vem enfrentando.
O time entrou em campo no Maracanã apenas 48 horas depois de vencer o Goiás com um gol no último minuto. Seus eventuais “reforços”, Isla e Everton Ribeiro, vieram desgastados de partidas pelas Eliminatórias e mais uma longa viagem de volta ao Brasil.
Do time titular que Domènec Torrent escolheu, cinco jogadores atuaram por 90 minutos na terça-feira: Hugo Souza, Willian Arão, Thiago Maia e Pedro pelo Flamengo, e Isla pelo Chile.
Coloque à parte os sobrenaturais Thiago Maia e Isla, capazes de manter o ritmo e atuar em bom nível. O que sobra é um time cansado, desgastado por jogos e mais jogos, sem tempo para treinar e com diversas mexidas na equipe titular.
Sem velocidade para superar a defesa do Bragantino
Todo este contexto precisa ser levado em conta. O Flamengo teve muitas dificuldades contra o Bragantino por todos estes fatores, mas também porque o time que restou para se levar a campo tinha características que não exploravam a fragilidade do adversário.
Dome optou por um ataque com Everton Ribeiro na direita, Pedro centralizado e Lincoln aberto pela esquerda. Nenhum dos três prima exatamente pela velocidade. E era justamente de um jogador agudo, com profundidade, que o time necessitava para vencer a linha alta e estreita do Bragantino.
A equipe até chegava pelos lados, mas sem muitas ideias para concluir as jogadas. Pelo meio, havia dificuldade de armação – Diego se desdobrava, mas não conseguia dar o ritmo necessário. Renê e Lincoln demoraram para se entender pela esquerda, enquanto Everton e Isla tiveram poucas oportunidades de se conectar da melhor maneira.
Jogo mais direto basta para empate
Dome pareceu entender a situação para o segundo tempo. Forçado a tirar o extenuado Pedro, lançou mão de Vitinho pela esquerda e centralizou Lincoln. O jogo passou a se concentrar no camisa 11, mas o atacante, ainda carecendo de confiança, conseguiu levar a melhor em apenas uma jogada.
Qualquer plano de Dome para a etapa final, porém, foi condicionado com um gol sofrido aos 20 segundos. O Bragantino fez tudo o que o Flamengo precisava fazer: atacou com velocidade, tanto na execução da jogada, quanto explorando as características de seus jogadores. E o time rubro-negro, mais uma vez, dificultou ainda mais sua vida ao sair atrás no marcador.
O Flamengo só pareceu dar sinais de reação com a entrada de Bruno Henrique – mais um condicionado a poucos minutos devido à maratona. Dome montou uma linha de quatro atacantes, com BH pela esquerda, Everton na direita, e Lincoln e Vitinho por dentro.
Com mais o apoio de Isla, o time passou a jogar de forma mais direta, eliminou a necessidade de maior articulação no meio e apostou no puro preenchimento de espaços no ataque. Funcionou no gol de Lincoln, com mais gente na área, mas parou por aí.
Sem imaginação num meio-campo esvaziado, a estratégia de superar a linha alta da defesa do Bragantino com lançamentos longos não funcionou nos minutos finais e emperrou a reação do Flamengo.
Segue a maratona
No papel, empatar em casa com um time na zona de rebaixamento é ruim. O contexto atenua o tropeço. É preciso lembrar ainda que o Flamengo não pôde contar com nomes importantes que estão lesionados, como Arrascaeta e Gabigol.
Houve celeuma nas redes sociais porque o Flamengo não conseguiu virar líder. Duas questões precisam ser levadas em conta: mesmo em caso de vitória, a liderança não seria completa, pois o Atlético-MG tem um jogo a menos; o que vale é estar em primeiro lugar na última rodada.
O Flamengo segue sua maratona contra o Corinthians, no domingo. A parte mais crítica da sequência de partidas já passou, e a tendência é que seja possível recuperar alguns jogadores e ter uma equipe mais competitiva. Dome vai levando o elenco rubro-negro ao limite e precisará, mais do que nunca, pensar jogo a jogo para manter o pique.