O vice-primeiro-ministro espanhol disse neste sábado (19) que o escândalo financeiro que abalou a família real foi um momento histórico para ir em busca de uma República.
Pablo Iglesias, líder do partido Unidas Podemos, parceiro júnior da coalizão do governo da Espanha, disse que a monarquia não é mais relevante para a geração mais jovem.
“Cada vez menos pessoas na Espanha entendem, especialmente os jovens, que no século XXI, cidadãos não podem escolher o chefe de Estado e que ele não precisa responder à Justiça como qualquer outro cidadão e não pode ser destituído se cometer um crime”, disse Iglesias, em uma reunião do partido.
O ex-rei da Espanha, Juan Carlos, deixou o país em meio a um escândalo em agosto e está vivendo nos Emirados Árabes Unidos.
Outrora um monarca popular, ele abdicou a favor do seu filho, Felipe, em 2014, após um caso de fraude fiscal que envolveu membros da sua família e uma viagem para caçar elefantes no momento em que a Espanha sofria profunda recessão.
Em junho, a Suprema Corte abriu uma investigação preliminar sobre envolvimento de Juan Carlos num contrato de ferrovia de alta velocidade na Arábia Saudita. O jornal suíço La Tribune publicou que ele recebeu 100 milhões de dólares do falecido rei saudita. Autoridades suíças abriram uma investigação.
O ex-monarca não está formalmente sob investigação e repetidas vezes se recusou a comentar o assunto. Seu advogado afirma que ele permanece à disposição do promotor espanhol.
Como monarca, Juan Carlos se beneficiou de imunidade judicial completa, embora ele possa ser processado por qualquer mal feito desde que abdicou.
Uma pesquisa publicada em agosto pelo jornal pró-monarquia ABC apontou que 56% dos entrevistados apoiam a monarquia, contra 33,5% que preferem a república, enquanto 6% disseram que não sabiam e 4,1% foram indiferentes.