O procurador da República Alessandro Oliveira, que sucederá Deltan Dallagnol à frente da Operação Lava Jato em Curitiba, afirmou nesta terça-feira (1º), em entrevista à CNN, não acreditar que exista uma ação orquestrada contra a força-tarefa.
“Não acredito que haja algo orquestrado nesse sentido, seja por pessoas, por instituições e muito menos por autoridades”, disse Oliveira, entrevistado pelos âncoras Monalisa Perrone e Caio Junqueira e pelos colunistas Fernando Molica e Thaís Arbex.
Oliveira afirmou que não assume a Lava Jato com a intenção de desfazer o trabalho realizado durante a gestão de Deltan, pelo contrário.
“A ideia inicial é tentar manter o máximo possível. No jargão popular, em time que está ganhando não se mexe. A gente tem uma visão muito positiva dos trabalhos até hoje realizados”, disse o novo coordenador da força-tarefa.
A posição manifestada por Oliveira a respeito da relação entre a Lava Jato e a política é oposta a que tradicionalmente foi defendida por Deltan Dallagnol.
Em entrevista recente à CNN, Deltan afirmou que o governo Jair Bolsonaro e seus “aliados” atuavam contra a Lava Jato para enfraquecer uma eventual candidatura do ex-ministro Sergio Moro a presidente da República em 2022.
Na visão de Alessandro Oliveira, em vez de uma ação articulada, o que acontece em relação à Lava Jato é “um processo de reação, às vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis” e que seria algo “natural”.
“Algumas posturas, algumas decisões, elas tensionaram os objetivos alcançados pela Lava Jato, só que isso é algo totalmente natural no mundo do direito”, disse o procurador. “Nossa República é muito complexa para decisões ou conclusões bastante simples e rápidas”, completa.
PGR
O novo coordenador da Lava Jato afirmou que a sua designação para o cargo não teve a participação do procurador-geral da República, Augusto Aras, com quem a Lava Jato teve desentendimentos recentes.
Oliveira também diz que nem Aras nem seus auxiliares diretos lhe fizeram nenhum pedido de mudança e que, caso façam, não serão atendidos.
“Não pediram, não pediriam em hipótese alguma e digo mais, em uma hipótese apenas para fim de argumentação, é claro que eu não permitiria um tipo de interferência como essa”, disse o procurador.
Alessandro Oliveira afirma que foi um processo “bem simples e objetivo”, iniciado após Deltan Dallagnol informar os demais procuradores o seu interesse de deixar o caso e colocar a posição à disposição. Ele disse ter sido o único a se oferecer. Caso tivessem outros candidatos, a vaga ficaria com o que mais tempo atua no MPF.