Em documento do Ministério Público Federal encaminhando ao Superior Tribunal de Justiça, os procuradores afirmam que o governador Wilson Witzel lidera uma “sofisticada organização criminosa no âmbito do Governo do Estado do Rio de Janeiro” composta por três grupos. Segundo a investigação, Witzel repetiu o mesmo esquema praticado pelos dois últimos ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão.
Ainda de acordo com o MPF, o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel – reativado sem qualquer outro advogado ou funcionário – “foi utilizado para escamotear o pagamento de vantagens indevidas ao Governador, por meio de contratos firmados com pelo menos quatro entidades de saúde ligadas a membros da organização criminosa”.
Com base num relatório da Unidade de Inteligência Financeira (UIF), antigo Coaf, os investigadores conseguiram constatar que o escritório de advocacia da primeira-dama recebeu dos envolvidos no esquema R$ 554.236,50, entre 13 de agosto de 2019 e 19 de maio de 2020.
Os grupos citados pelos MPF, segundo os procuradores seriam liderados pelo empresário Mario Peixoto, preso na Operação Favorito, em maio, pelo presidente nacional do PSC, Everaldo Dias Pereira, o pastor Everaldo, preso na operação desta sexta-feira, e pelo empresário José Carlos de Melo, pró-reitor administrativo da Universidade Iguaçu (Unig).
O MPF detalha como funcionava o esquema criado por eles: “cada qual com funcionamento próprio, complexa teia de participantes com pessoas físicas e jurídicas variadas, com a utilização de inúmeros “laranjas” e divisão de tarefas, mas todos com o objetivo comum de desviar recursos públicos e realizar a lavagem de capitais, dentre outros crimes”.
Outro lado
Em nota, a defesa do governador Wilson Witzel informou ter “recebe com grande surpresa a decisão de afastamento do cargo, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade.” Os advogados disseram ainda que aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis.
Em nota, a defesa do empresário Mario Peixoto alegou que o MPF “postulou a prisão preventiva de Mário Peixoto com base em teoria presuntiva e uma delação premiada pueril, não respaldada por nenhuma prova. Infelizmente, contrariando o princípio da presunção de inocência, a prisão foi ilegalmente decretada.” Ainda de acordo com os advogados de Mário Peixoto, o caso será “levado ao Supremo Tribunal Federal, que se encarregará do restabelecimento da legalidade”.
A CNN ainda não obteve respostas das defesas do pastor Everaldo e empresário José Carlos de Melo, ambos também citados na matéria.