O Brasil pode ter até 15 milhões de doses da CoronaVac, uma das vacinas contra o coronavírus, até o fim de 2020. Essa é a previsão feita por Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, em entrevista à GloboNews na manhã desta quarta-feira (12).
“A vacina estará disponível aqui no Butatan já em outubro. Nesse mês receberemos cinco milhões de doses. Em novembro, mais cinco milhões e, em dezembro, mais cinco milhões. Essas doses já estão sendo produzidas lá na China, então no fim deste ano teremos 15 milhões de doses disponíveis aqui”, declarou o hematologista.
“Paralelo a isso, o Butantan também recebe a partir de outubro a vacina a granel, aí começa a fabricação por aqui, que é o processo de formulação, preparo e envaso da vacina. Assim, além desses 15 milhões de doses até dezembro, até o primeiro trimestre do ano que vem poderemos ter mais outras 15 milhões de doses. E no primeiro semestre chegar a 60 milhões de doses”, acrescentou.
Esse prazo, no entanto, depende de a vacina ser aprovada nos testes clínicos. Para que uma vacina seja liberada para distribuição ao público, ela precisa passar por três fases de avaliação: precisa demonstrar que é segura para as pessoas, que gera uma resposta imune e que essa resposta imune consiga combater o coronavírus. Atualmente, a CoronaVac está na terceira e última fase.
Nesta terça (11), a Sinovac Biotech, empresa que está por trás do desenvolvimento, divulgou os resultados da segunda fase de avaliações e disse que sua vacina apresentou bons resultados, sendo capaz de induzir uma resposta imune nos 600 voluntários que participaram do estudo na China.
“Os resultados foram excepcionais. É uma vacina que apresentou uma indução de anticorpos acima de 92% na primeira dose e acima de 97% na segunda dose, um desempenho muito satisfatório”, avaliou Covas.
“Além desses dados, a CoronaVac também mostrou segurança, teve uma ocorrência de efeitos colaterais muito baixa. Menos que 2% das pessoa que receberam a vacina tiveram algum tipo de efeito colateral. E as principais reclamações foram dor no local da aplicação e uma febre muito pequena. É a vacina que tem o melhor perfil de segurança”, completou.
No Brasil, a fase 3 dos testes de CoronaVac deve ir, ao menos, até o fim de setembro. As duas últimas fases dos ensaios são as mais demoradas e costumam levar meses. Por isso a previsão mais otimista é que somente a partir de outubro as primeiras doses serão distribuídas no país. Atualmente, outra vacina, a da Oxford em parceria com a AstraZeneca, também está na fase 3 e sendo testada no Brasil. Há, ainda acordo, com a Pfizer para que a dela também seja analisada.
A previsão de Dimas Covas é seguida por João Doria, governador de São Paulo. No começo do mês, ele afirmou que a expectativa é imunização da população brasileira até fevereiro de 2021.
“A vacina é salvadora, ela vai trazer a normalidade de fato na vida dos brasileiros. Tudo indica que já estaremos com uma imunização plena, da totalidade da população brasileira, até o fim de fevereiro. Olhando sempre com olhar otimista, realista”, disse em entrevista à Rádio Bandeirantes na semana passada.
O governador acrescentou que um ou dois meses de atraso podem acontecer, caso ocorra alguma intercorrência com o desenvolvimento da imunização da CoronaVac.