O presidente Donald Trump anunciou amplas restrições nos Estados Unidos contra as redes sociais chinesas TikTok y WeChat, uma decisão que provocou nesta sexta-feira (7) uma resposta de Pequim e uma ameaça de ações legais por uma das empresas afetadas.
Por meio de um decreto, que entra em vigor em 45 dias, Trump proíbe qualquer transação nos Estados Unidos com as empresas proprietárias do aplicativo de vídeos TikTok e do app de mensagens WeChat.
Trump alegou questões de segurança nacional para justificar a decisão contra a ByTeDance (dona do TikTok) e a Tencent, uma das líderes da indústria de jogos eletrônicos e também uma das empresas mais ricas do planeta.
A medida aumenta a pressão sobre a ByteDance para que conclua as negociações de venda da plataforma de vídeos para a Microsoft, além de criar outra fonte de confronto entre a Casa Branca e Pequim.
Na segunda-feira, Trump aceitou a possibilidade de o TikTok ser comprado por um grupo americano, mas a transação terá de acontecer até 15 de setembro, sob risco de proibição da plataforma.
O decreto presidencial cita uma ameaça à "segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos" para justificar a decisão.
"O TikTok automaticamente captura vastas faixas de informações de seus usuários, incluindo informações como localização e históricos de visitas e buscas na Internet", afirma o texto.
A China reagiu nesta sexta-feira e denunciou o que considera "manipulação e repressão políticas" dos Estados Unidos pela proibição.
O porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wengbin, acusou Washington de "colocar interesses egoístas acima dos princípios de mercado e da norma internacional".
Os Estados Unidos "fazem uma manipulação e uma repressão política arbitrárias que só podem levar ao seu próprio declínio moral e prejudicar sua imagem", acrescentou.
– Ações legais –
O TikTok ameaçou iniciar ações legais nos tribunais dos Estados Unidos.
"Nós vamos buscar todas as soluções disponíveis para assegurar que o estado de direito não seja descartado e que nossa empresa e nossos usuários sejam tratados de maneira justa – se não pelo governo, então pelos tribunais dos Estados Unidos", afirma o TikTok em um comunicado.
De acordo com o decreto de Trump, os dados do TikTok, que foi baixado 175 milhões de vezes nos Estados Unidos e mais de um bilhão de vezes no mundo, podem potencialmente ser usados pela China para detectar a localização de funcionários e terceirizados do governo americano, elaborar dossiês para chantagear pessoas e fazer espionagem corporativa.
Na quinta-feira, o Senado americano votou para proibir que o TikTok seja instalado nos smartphones dos funcionários federais.
O projeto de lei aprovado pelo Senado, de maioria republicana, será enviado à Câmara de Representantes, dominada pela oposição democrata.
Trump e outras fontes do governo afirmam que o TikTok pode ser usado por Pequim para espionar os usuários americanos, o que é negado pela plataforma, que opera fora da China.
O WeChat é um aplicativo de mensagens, rede social e de pagamento eletrônico que pertence à TenCent Holdings e teria mais de um bilhão de usuários.
As ações da Tencent caíram mais 5% nesta sexta-feira na Bolsa de Hong Kong.
"Como o TikTok, o WeChat captura automaticamente vastas faixas de informação dos usuários, ameaçando assim dar ao Partido Comunista Chinês acesso a informações pessoais dos americanos", afirma o decreto.