Cientistas da Universidade de Medicina Veterinária de Hannover, na Alemanha, descobriram que cães farejadores podem ser usados para detectar o novo coronavírus em amostras humanas com uma taxa de precisão relativamente alta, revelou um estudo publicado na quinta-feira, 23, na revista BMC Infectious Diseases.
Oito cães farejadores do exército alemão – Bundeswehr – foram treinados por apenas uma semana para distinguir entre muco e saliva de pacientes infectados com o vírus da covid-19 e indivíduos não infectados, de maneira aleatória.
De acordo com o estudo, os animais foram capazes de detectar positivamente as secreções infectadas com SARS-CoV-2 com uma taxa de sucesso de 83% e secreções de controle com uma taxa de 96%. A taxa geral de detecção, combinando as duas, foi de 94%.
Em sua conclusão, com base em mais de 1 mil amostras analisadas, a equipe de pesquisadores disse que os cães podem desempenhar um papel importante na detecção de indivíduos infectados.
Cães que normalmente procuram explosivos ou drogas foram usados ??anteriormente para "farejar" vários tipos de câncer e hipoglicemia em diabéticos. Essas aplicações motivaram os cientistas veterinários a pesquisar a capacidade potencial dos cães farejadores em detectar o novo coronavírus.
"Achamos que isso funciona porque os processos metabólicos no corpo de um paciente doente são completamente alterados e achamos que o cão é capaz de detectar um cheiro específico das alterações metabólicas que ocorrem nesses pacientes", disse o professor Maren von Köckritz- Blickwede, especialista em bioquímica de infecções.
"O que precisa ser claro é que este é apenas um estudo piloto", disse Holger Volk, presidente do Departamento de Medicina de Pequenos Animais da universidade. "Mas há muito potencial para levar isso adiante."
Os pesquisadores também apontaram a utilidade do cães farejadores para detectar indivíduos infecciosos em determinados locais com pouco estoque de testes da covid-19. "Em países com acesso limitado a testes de diagnóstico, os cães de detecção podem ter o potencial de serem usados na detecção em massa de pessoas infectadas", diz a conclusão do estudo.
Segundo o estudo, as amostras com as quais os cães farejadores estão sendo testados foram quimicamente inofensivas. A questão permanece se os caninos podem detectar casos ativos de coronavírus em pacientes.
Os pesquisadores também estão analisando até que ponto os cães podem diferenciar amostras de pacientes com covid-19 daquelas de pessoas com outras doenças, como a gripe, por exemplo. "Mais trabalho é necessário para entender melhor o potencial e a limitação do uso de cães farejadores na detecção de doenças respiratórias virais".