Os testes foram feitos em 1.077 pessoas com idades entre 18 e 55 anos, sem histórico de infecção pelo novo coronavírus, em cinco hospitais do Reino Unido, de abril até o fim de maio.
"O sistema imunológico tem duas formas para encontrar e atacar patógenos: por respostas de anticorpos e de células T. Essa vacina é destinada a induzir as duas, para que possa atacar o vírus quando estiver circulando no corpo e as células infectadas", explicou o professor Andrew Pollard, da Universidade de Oxford, que lidera o estudo, em um comunicado.
"Esperamos que isso signifique que o sistema imunológico vai se lembrar do vírus, para que nossa vacina proteja as pessoas por um longo período", disse Pollard. "Contudo, precisamos de mais pesquisas antes de confirmar que ela protege efetivamente contra a Covid-19, e [determinar] por quanto tempo a proteção vai durar."
Nenhum dos pacientes testados apresentou reações adversas. Cansaço e dor de cabeça foram os sintomas mais reportados, além de dor no local da injeção, dor nos músculos, calafrios e estado febril.
A vacina de Oxford é 1 entre as mais de 150 que estão sendo desenvolvidas atualmente no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo que 23 delas estão em ensaios clínicos em humanos. A AZD1222 está na Fase 3 dos testes – a última antes da avaliação final -, mas os pesquisadores ainda não tinham divulgado os resultados das Fase 1 e 2.
A mesma vacina está sendo testada desde junho no Brasil em Fase 3 de estudos clínicos, em um estudo liderado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Concorrente
A empresa alemã de biotecnologia BioNTech e a farmacêutica norte-americana Pfizer também relataram nesta segunda-feira (20) dados adicionais de sua vacina experimental contra o novo coronavírus que mostraram que ela é segura e induz resposta imunológica nos pacientes, tanto na produção de anticorpos quanto na ação de células T – responsáveis pela imunidade celular no organismo.
Os resultados se referem a um teste feito na Alemanha com 60 voluntários saudáveis e são divulgados após as companhias anunciarem no começo deste mês dados de um teste em estágio inicial correspondente feito nos Estados Unidos. O estudo com os pacientes alemães mostrou que os voluntários que receberam duas doses da vacina produziram anticorpos neutralizantes do vírus, resultado semelhantes ao estudo dos EUA.
No Brasil
Os testes da Coronavac, vacina contra a Covid-19 que está sendo produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo, começam nesta segunda-feira (20) no Brasil. A terceira fase do estudo visa comprovar a segurança e a eficácia da vacina contra o novo coronavírus. O imunizante será testado em cerca de 9 mil voluntários em seis estados: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Os participantes não podem ter sido infectados pelo vírus, não devem participar de outros estudos e mulheres não podem estar grávidas ou planejar uma gravidez por três meses. Segundo o Instituto, caso os testes comprovem a eficácia do imunizante, 60 milhões de doses e custo estimado é de R$ 85 milhões.
Fases
As vacinas precisam passar por testes em várias fases para garantir que sejam eficazes e seguras. Primeiro, uma vacina é geralmente testada em animais antes dos seres humanos. Se os resultados forem promissores, é feito um teste trifásico em humanos.
• Fase 1: A vacina é administrada a um pequeno grupo de pessoas para avaliar a segurança e, às vezes, a resposta do sistema imunológico. Se tudo correr bem, os pesquisadores passam para a fase 2.
• Fase 2: Esta fase aumenta o número de participantes – geralmente na casa das centenas de pessoas – para um estudo randomizado (com elementos aleatórios). Mais membros de grupos de risco são incluídos. "Na fase 2, o estudo clínico é ampliado e a vacina é administrada a pessoas que têm características (como idade e saúde física) semelhantes àquelas para as quais a nova vacina é destinada", de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Se os resultados forem promissores, o estudo será movido para a fase 3.
• Fase 3: Esta fase testa a eficácia e a segurança de milhares (ou dezenas de milhares) de pessoas. O número substancialmente maior de participantes nesta fase ajuda os pesquisadores a entender possíveis efeitos colaterais raros da vacina.