Um garoto de 15 anos morreu de peste bubônica no oeste da Mongólia, segundo o departamento de saúde do governo local. O adolescente contraiu a doença depois de caçar e comer a carne de uma marmota, informou Dorj Narangerel, porta-voz do Ministério da Saúde do país.
As marmotas são grandes esquilos terrestres, um tipo de roedor, historicamente ligados a surtos da peste na região.
Testes confirmaram que o adolescente – que morreu no domingo (12) – contraiu a doença, o que levou autoridades a determinarem medidas de restrição no distrito de Tugrug, na província de Gobi-Altai.
A quarentena, que começou no domingo, seguirá em vigor até este sábado (18). Até o momento, 15 pessoas que tiveram contato com o jovem foram isoladas. Todas elas estão saudáveis.
Roedores são o principal vetor da transmissão de doenças de animais para humanos, mas a peste bubônica também pode ser transmitida através de picadas de pulgas ou de pessoa para pessoa.
Cerca de 50 milhões de pessoas morreram na Europa durante a pandemia de peste bubônica na Idade Média. Mas antibióticos modernos podem prevenir complicações e morte pela doença, se administrados com rapidez suficiente. A praga causa dor, inchaço nos gânglios linfáticos, febre, calafrios e tosse.
Peste na Mongólia e alerta na Rússia
A Mongólia registrou 692 casos de peste bubônica em marmotas entre 1928 e 2018. Dentre esses animais, 513 morreram em consequência da doença, o equivalente a uma taxa de mortalidade de 74%.
Mais cedo neste mês, outras duas pessoas testaram positivo para a praga na província de Khovd, noroeste da Mongólia, levando autoridades da Rússia a emitirem alertas.
Funcionários do Ministério da Agricultura e Alimentos russo disseram aos cidadãos que vivem perto da fronteira para não caçarem marmotas ou comerem a carne desses animais.
Citando Sergei Diorditsu, representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) no território mongol, a Embaixada da Rússia na Mongólia disse que a região vive surtos sazonais da doença, segundo a agência de notícias estatal russa RIA Novosti.
“Há focos naturais da praga na Mongólia e a doença é transmitida pela espécie tarbagan (marmota sibirica)”, afirmou a embaixada.
“O problema é que os moradores, apesar de todas as proibições e recomendações das autoridades locais, continuam caçando e comendo esses animais, já que se trata de uma iguaria local.”
Autoridades da região chinesa da Mongólia Interior também confirmaram um caso de peste bubônica na cidade de Bayannur, noroeste de Pequim, no dia 7 de julho, de acordo com a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
Em 2019, um casal morreu na Mongólia após comer um rim de marmota cru, o que levou à determinação de uma quarentena que deixou diversos turistas presos na área.
Na semana passada, um esquilo no estado do Colorado, nos Estados Unidos, testou positivo para a doença.
O país registra alguns casos de peste todos os anos, informou o Centro de Controle e Prevenção de Doenças. Também no Colorado, duas pessoas morreram da doença em 2015.
A OMS qualifica os casos atuais da peste bubônica como reemergência da doença. Entre 1 mil e 2 mil pessoas contraem peste bubônica todos os anos, estima a agência, sem contar os casos que não são reportados às autoridades.