Quando a Casa Branca anunciou a assinatura de um decreto para criar regras federais para o policiamento, a expectativa era que o presidente Donald Trump atendesse aos pedidos dos manifestantes que protestam pelas ruas do país há três semanas contra a violência policial. No entanto, ao invés de uma proposta para reformar departamentos de polícia, Trump lançou uma espécie de guia com orientações para incentivar mudanças no policiamento norte-americano.
O decreto anunciado nesta terça-feira (16) cria uma base nacional de dados para monitorar policiais acusados de má conduta e oferece prêmios para departamentos de polícia que conseguirem garantir a segurança das comunidades sem registros de uso abusivo de força. Além disso, prevê investimentos federais em treinamentos para engajamento com a população e atendimentos de saúde mental para integrantes da corporação que estejam enfrentando dificuldades. Por fim, incentiva os departamentos de polícia a obterem uma certificação nacional que proíbe os estrangulamentos, mas o fim deste tipo de manobra de arte marcial que pode causar a morte dos suspeitos não foi exigida pela Casa Branca. Trump acrescentou que está em busca de armas não letais que possam ser usadas pelos agentes de segurança.
Ao anunciar a medida no jardim da residência oficial, Trump chamou o decreto de um conjunto de "princípios orientadores" e disse que estava "encorajando os departamentos de polícia de todo o país a adotarem os mais altos padrões profissionais para servir suas comunidades".
O governo promete incetivar as boas ações policiais por meio de investimentos do Departamento de Justiça, dando prioridade no repasse de subsídios federais a departamentos de segurança que não tenham registros de uso excessivo da força e que incluírem a proibição do estrangulamento em suas operações, exceto quando a vida de um policial estiver em perigo.
Durante seu discurso, o presidente destacou a importância do trabalho dos policiais para fazer valer a lei e a ordem no país. Lembrou ainda de 89 agentes que perderam a vida no exercício da profissão no ano passado e disse que aqueles que usam a violência contra a população são minoria no país.
"Eles são muito pequenos. Eu uso a palavra minúsculo. É uma porcentagem muito pequena. Mas ninguém quer se livrar mais deles do que os bons e grandes policiais", disse.
Ao contar que se reuniu com famílias de nove vítimas da brutalidade policial, o presidente, no entanto, reconheceu pela primeira vez que alguns integrantes da corporação usam mal sua autoridade, desafiando a confiança da população americana e provocando mortes.
Entre as pessoas que estiveram com Trump, estavam parentes de Ahmaud Arbery, morto em fevereiro em Brunswick, Geórgia, bem como os de Botham Jean, Antwon Rose, Jemel Roberson, Atatiana Jefferson, Michael Dean, Darius Tarver, Cameron Lamb e Everett Palmer Jr.
"Todos os americanos choram ao seu lado… seus entes queridos não terão morrido em vão", diz Trump, em solidariedade aqueles que perderam familiares nas mãos da polícia.
Trump se opôs aos recentes pedidos de manifestantes para desmantelar departamentos de polícia, destinando recursos para outras áreas como projetos sociais e comunitários.
"Eu me oponho veementemente aos esforços radicais e perigosos para defundir, desmantelar e dissolver nossos departamentos de polícia", disse Trump, acrescentando que está disposto a debater com o Congresso medidas adicionais que possam trazer paz e segurança para os americanos.