Basta entrar em qualquer mercado de Itaporanga e do Vale para perceber o quanto os preços aumentaram e aumentaram abusivamente em muitos itens alimentícios, uma afronta ao Código do Consumidor: muitos aproveitam o momento de calamidade pública para subir os preços de produtos essenciais à população, prejudicando a mais pobre em um momento em que grande parte dos trabalhadores está sem renda em função do fechamento de várias atividades econômicas e laborais.
Questionados, os comerciantes botam a culpa nas distribuidoras, e estas culpam as indústrias, e, ao final, ninguém sabe quem está com a verdade, mas de uma coisa não há dúvida: o consumidor é o grande prejudicado. “Não teve aumento no valor dos combustíveis, ao contrário, fizeram foi baixar de preço, então é difícil de entender por que aumentaram os preços das coisas que mais a gente precisa agora, que é de alimento”, lamentou cidadão local. Há preços que subiram mais de 30% de um dia para outro.
Esses aumentos abusivos começaram com o início da pandemia, especialmente depois das medidas de fechamento da economia pelos decretos estaduais e municipais. Mas não foram somente os alimentos que tiveram aumentos desmedidos, muitos serviços essenciais também, a exemplo de consultas e exames médicos e ainda prestação de serviço escolar privado. Apesar de estarem com aulas remotas, muitas escolas não reduziram suas mensalidades e continuam cobrando como se estivessem dando aula presencial, o que também infringe a lei de proteção ao consumidor.
Enquanto os números oficiais do governo apontam que houve deflação, ou seja, que os preços em média cairiam no país, aqui no Vale essa informação parece uma piada de mau gosto: em Itaporanga e na região foram poucos os produtos alimentícios e serviços que não aumentaram de preços e abusivamente em muitos casos. Uma das explicações pode estar na negligência do Procon estadual, que é sediado em João Pessoa, em relação ao interior do estado. No governo João a atuação do órgão, que já era ruim, ficou ainda pior.