Kim Yo-jong, irmã do líder da Coreia do Norte Kim Jong-un, alertou sobre medidas de retaliação contra a Coreia do Sul que poderiam envolver militares, na mais recente escalada de tensões sobre desertores do Norte que têm fornecido material informativo e comida.
Kim Yo-jong, que atua – não oficialmente – como uma dos principais assessoras de Kim Jong-un, emitiu o aviso em comunicado divulgado pela agência de notícias estatal KCNA no sábado (13).
"Ao exercer meu poder autorizado pelo Líder Supremo, pelo nosso Partido e pelo Estado, dei uma instrução ao departamento encarregado dos assuntos com o inimigo para executar decisivamente a próxima ação", disse Kim.
Sua declaração, que não disse qual seria a próxima ação, veio dias depois que a Coreia do Sul tomou uma ação legal contra desertores que enviavam material como arroz e folhetos contra a Coreia do Norte, geralmente por balão, próxima à fronteira fortemente reforçada, ou em garrafas por mar.
A Coreia do Norte disse que ficou irritada com os desertores e, na semana passada, cortou as linhas telefônicas intercoreanas. Além disso, ameaçou fechar um escritório de ligação entre os dois governos.
Como parte do esforço para melhorar os laços com o norte, o governo do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, tentou desencorajar as campanhas de folhetos e envio de arroz, e os desertores se queixaram da pressão para evitar críticas à Coreia do Norte.
No domingo, a reunião do Conselho de Segurança Nacional da Coreia do Sul foi realizada com a presença de chefes diplomáticos e de segurança "para examinar a situação atual da península [coreana]", disse a Casa Azul presidencial, sem dar mais detalhes.
O Ministério da Unificação e o Ministério da Defesa da Coreia do Sul divulgaram declarações pedindo ao Norte que honrasse os acordos intercoreanos alcançados no passado.
"O Sul e o Norte devem tentar honrar todos os acordos intercoreanos alcançados", afirmou o Ministério da Unificação em um comunicado.
O Ministério da Defesa disse que os militares estão prontos para responder a "todas as situações" e acrescentou que está monitorando de perto os movimentos dos militares norte-coreanos.
A escalada de tensão acontece um dia antes do 20º aniversário da primeira cúpula intercoreana em 2000, que prometeu maior diálogo e cooperação entre os dois estados.
Em 2018, os líderes dos dois países assinaram uma declaração concordando em trabalhar pela "desnuclearização completa da península coreana" e cessar "atos hostis".
Analistas dizem que a Coreia do Norte parece estar usando os folhetos informativos para aumentar a pressão sobre a Coreia do Sul em meio às negociações de desnuclearização.
"Os folhetos são uma desculpa ou justificativa para aumentar a aposta, fabricar uma crise e intimidar Seul a conseguir o que querem", analisou Duyeon Kim, consultor sênior do International Crisis Group, organização independente sem fins lucrativos sediada na Bélgica.
Pyongyang se sente traído e enganado pela previsão de Seul de que os Estados Unidos suspenderiam algumas sanções em troca da Coreia do Norte fechar o local do reator nuclear. A Coreia do Norte também está chateada com o fato de os folhetos informativos e os exercícios militares entre os EUA e a Coreia do Sul continuarem, afirmou a irmã do líder norte-coreano.
"Eles estão chateados porque Seul não fez nada para mudar o meio ambiente e está novamente dizendo a Seul para ficar de fora de suas negociações nucleares com Washington", acrescentou Kim Yo-jong.