Aos oito anos de idade, Heleno Alexandrino botou sua primeira roça. “Tirei um saco de milho”, recorda risonhamente. Foi no sítio São Pedro, município de Itaporanga, onde nasceu e passou a infância, mas não demorou tanto a mudar de endereço. Já há muito tempo reside, ao lado da companheira, com quem teve 10 filhos, sete dos quais vivos, em uma de suas várias fazendas, a Milho D’angola, município de Curral Velho.
Aos 13 anos, tocou o primeiro grande empreendimento agrícola: foi sua primeira broca, onde tirou bem mais do que um saco de milho e deu os primeiros passos para uma vida de grandes conquistas na agropecuária, frutos de muito trabalho.
Hoje, 81 anos, seu Heleno continua produzindo. Este ano deve colher mais de dois mil sacos de milho, e ainda é pouco em relação ao que lavrou no ano passado: quase quatro mil sacos. “O inverno deste ano foi melhor do que o de 2019, mas eu plantei mais o ano passado do que agora, porque este ano muitas das minhas terras baixas alagaram e não houve condição de plantio”, explica ele ao jornalista Sousa Neto, com quem conversou na manhã deste sábado, 30.
O milho que Heleno Alexandrino produz anualmente tem dois destinos: primeiro, o estoque para a venda: abastece mercados e fazendas da região, e, depois, a geração de pastagem para o seu gado bovino: são centenas de rezes que produzem muito leite diariamante. “Hoje eu vendo o leite para uma empresa da cidade de Sousa, ela vai buscar o leite na minha propriedade, onde tem um tanque de armazenamento refrigerado”, diz. Graças a grande produção leiteira de Heleno, a indústria de factícios instalou um ponto de coleta no local e favoreceu também dezenas de pequenos criadores, gerando renda e emprego para muita gente.
Apesar da idade avançada, seu Heleno Alexandrino continua ativo e próspero, mas falta tempo para acompanhar de perto as várias propriedades: ele tem terras em Itaporanga, Curral Velho, Diamante e Boa Ventura, e queixa-se que está faltando gente para trabalhar no campo. Conforme ele, a mão de obra já foi bem mais farta na agricultura, mas hoje quase não tem gente para trabalhar e, em sua opinião, a tendência é diminuir, “porque as pessoas estão deixando o trabalho no sítio e se acomodando com as bolsas e auxílios oferecidos pelo governo”.
Mas grande parte do patrimônio que Heleno Alexandrino adquiriu é fruto de outra época: vem do tempo do algodão. Foi um dos maiores produtores e compradores algodoeiros do Vale. “Eu sou viciado na agricultura: quando a chuva cai no chão, se eu não plantar, adoeço”, comenta o agropecuarista, ao soltar um largo sorriso.