Ediene Santos de Albuquerque Silva tinha 37 e morreu por Covid-19 no dia 6 de maio, de acordo com o boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) no dia 7 de maio. Antes disso, segundo a família, ela esteve em várias unidades de saúde para tentar ser atendida já que, além de diabética, apresentava também sintomas gripais. Esteve no Posto de Saúde de Várzea Nova, na UPA de Tibiri e no Hospital Flávio Ribeiro Coutinho, todos em Santa Rita, onde morava Ediene. Agora outros seis familiares dela também estão infectados pelo coronavírus.
De acordo com a SES, Ediene começou a apresentar os sintomas no dia 24 de abril. A família conta que as três unidades de saúde recusaram o atendimento. Segundo a mãe de Ediene Santos, Antônia Alexandre, quando a filha chegou na UPA, os profissionais de saúde mandaram ela ir para o Posto de Saúde. Nos dois locais, ela foi dispensada para ir para casa.
Quando o quadro clínico piorou, a família encaminhou Ediene diretamente para o Hospital Clementino Fraga, referência no tratamento da Covid-19, em João Pessoa. No entanto, os parentes foram informados que apenas pacientes encaminhados de serviços de saúde poderiam ser atendidos.
Conforme o hospital, Ediene deu entrada na unidade de saúde no dia 1º de maio, com quadro de tosse e sensação de desconforto respiratório há uma semana, mas sem registro de comorbidades. Foi iniciado tratamento com remédios para o quadro pulmonar. Segundo a família, ela entrou consciente e bem.
No dia 4 de maio, à noite, a paciente sofreu uma agitação e hiperglicemia (elevação da glicemia sanguínea). No dia seguinte estava desacordada, porém saturando bem em ar ambiente. Foi quando foi solicitado o teste de glicemia e as taxas se apresentaram muito altas, com alteração pulmonar grave.
Nesse momento, Ediene, conforme o Hospital Clementino Fraga, foi levada à UTI por cetoacidose diabética. A unidade de saúde registrou a sua morte na noite do dia 6 de maio.
"Quando chegou estava consciente e orientada. Quando perguntada sobre comorbidades, negou ter qualquer uma, então só foram feitos exames de glicemia após se perceber que a paciente apresentava aumento da diurese e evoluiu para alterações de consciência. Muito provavelmente a paciente evoluiu grave devido à doença gripal associado ao quadro de hiperglicemia, que infelizmente evoluiu de forma rápida e fatal", diz a nota do Hospital Clementino Fraga.
Depois disso, nove pessoas da família de Ediene realizaram o teste para a Covid-19. Seis testaram positivo, entre elas o pai de Edine, de 68, que é hipertenso e tem apresentado um quadro de febre persistente.
"Enterrei minha filha sem o direito de ver, sem o direito de fazer um velório digno", lamenta a mãe.
A Prefeitura de Santa Rita disse que até então não tinha conhecimento do caso, mas que vai abrir um processo administrativo para investigar o atendimento.