Se engana quem acredita que a pandemia do novo coronavírus pode acabar de uma hora para a outra. Com mais de 4 milhões de infectados e quase 300 mil mortes pelo mundo, a cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, alertou que podemos levar de 4 a 5 anos para que o vírus seja controlado. No Brasil, pico de mortes pela pandemia pode ser em julho.
A informação foi passada pela cientista em uma conferencia digital do Financial Times, jornal britânico. Soumya disse que a mutação do novo coronavírus é um dos fatores que explica sua afirmação.
Conforme Soumya, embora cientistas do mundo todo estejam focados em busca de informações sobre o vírus, pouco se sabe sobre ele. “Não temos uma bola de cristal. Eu diria que em quatro ou cinco anos podemos estar controlando a situação“, avaliou a cientista.
Vacina contra o coronavírus seria a solução, mas com apoio da população
Apesar disso, a cientista-chefe da OMS também alertou que a pandemia pode piorar. A criação de uma vacina, segundo ela, ajudaria e seria a melhor saída, mas até isso pode estar em jogo, pois, segundo a especialista, o vírus pode mudar e uma vacina criada e regulamentada não ser mais eficaz quando passar a ser usada.
Ainda que houvesse a criação de uma vacina, o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, em entrevista em Genebra, disse que a população também precisa colaborar. “Desculpem se pareço cínico, mas vejam quantas doenças poderíamos ter eliminado com vacinas perfeitamente eficazes, como a do sarampo, e não o fizemos. Podemos até descobrir, produzir e entregar, mas as pessoas precisam também tomar as vacinas”, disse.
Segundo Ryan, a OMS trabalha com a possibilidade de que o vírus, assim como muitos outros, continue entre nós e que a humanidade precise conviver com ele. Da mesma forma que acontece com o HIV, por exemplo. “Com tratamentos corretos, pode se tornar um vírus que não provoca mais pânico. Mas no momento é um patógeno novo, chegando aos humanos pela primeira vez, e é impossível estimar por quanto tempo ele ficará entre nós”.
Pico de mortes por coronavírus no Brasil pode ser em julho
Ainda nesta quarta-feira, dados divulgados pelo IHME, instituto de métrica da Universidade de Washington, previram que 88.305 pessoas podem morrer pela Covid-19 no Brasil até 4 de agosto. O modelo, que é um dos principais usados pela Casa Branca, monitora os números sobre o coronavírus.
Na projeção, os brasileiros podem enfrentar um cenário bastante sombrio nos próximos meses. Conforme os dados do IHME, o pico de mortes diárias no Brasil pode ser no dia 1 de julho, com 1.024 óbitos em 24 horas.