O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (28) à noite que cabe ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro provar as acusações de que ele tentou interferir em investigações conduzidas pela Polícia Federal que correm no âmbito do STF (Supremo Tribunal Federal), acusação feita pelo popular ex-juiz da Operação Lava Jato quando anunciou sua saída do governo.
Em entrevista no Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que não é um exagero a investigação aberta pelo ministro do STF Celso de Mello. Afirmou que o magistrado está fazendo a parte dele e que ele vai se defender por meio da Advocacia-Geral da União.
"Para encerrar o caso Moro, ele que tem que provar que eu interferi, não eu provar que sou inocente. Mudou agora o negócio? Mudou agora? O que ele falar é lei? É verdade? Pelo amor de Deus! Está na lei, quem nomeia o chefe da PF sou eu. Se eu nomeio, eu exonero", disse o presidente, acrescentando ter certeza que o ex-ministro não tem provas contra ele.
Bolsonaro disse que tentou nomear um "nome de consenso" entre os dois para ocupar o cargo de diretor-geral da PF que era exercido por Maurício Valeixo, mas reforçou que não houve consenso. Segundo ele, Moro não é o dono do ministério, assim como nenhum outro titular do primeiro escalão.
O presidente disse que a PF tem que ser independente não apenas em relação ao presidente, mas também quanto ao ministro — numa referência indireta a Moro. Bolsonaro afirmou também que a PF atua com autonomia e destacou que a própria categoria, por meio de entidades representativas, diz que investigações não podem ser controladas.
Bolsonaro disse que sempre cobrou de Moro relatórios de inteligência sobre as atividades da PF, mas o então ministro sempre negou, e disse que não queria saber de inquérito sobre ninguém.
O presidente questionou o fato de ter vazado informação de um inquérito do STF de que um dos seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro, seria um dos responsáveis por divulgar fake news. Para ele, a revelação do nome de Carlos tem por objetivo atingi-lo.
Bolsonaro defendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da PF — alvo de críticas pela proximidade de ambos e também de familiares. Disse que ele passou a ser seu amigo depois de ter coordenado a segurança pessoal dele após a campanha. Ressalvou, no entanto, que vai acatar decisão caso a Justiça barre sua nomeação. "Ação na Justiça, se tiver alguma, se tiver liminar, não assume. Eu respeito a Justiça", disse.
Caso Adélio
Bolsonaro defendeu ainda a reabertura das investigações sobre a tentativa de assassiná-lo durante a campanha presidencial. Disse que a apuração deverá se retomada, agora sob novo comando pela Polícia Federal e destacou que o caso dele é "200 vezes mais fácil" de solucionar do que o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco.
A investigação da PF concluiu que o autor do atentado, Adélio Bispo de Oliveira, agiu sozinho. A Justiça concluiu que ele tem uma doença mental e não poderá ser punido criminalmente com uma eventual pena de prisão.
Para o presidente, faltou apurar melhor o caso e ele pretende que o caso volte a ser apurado. Ele não disse se vai fazer um pedido direto sobre isso a Ramagem.