A Nova Zelândia informou nesta segunda-feira (27) que praticamente eliminou o novo coronavírus do país, o que permitiu reduziu as restrições causadas pela doença.
Em uma entrevista coletiva, a diretora-geral de saúde neozelandesa, Ashley Bloomfield, informou que o país registrou apenas um novo caso de COVID-19, quatro "casos prováveis" e uma nova morte.
“[Os números baixos] nos dão confiança de que alcançamos nosso objetivo de eliminação – isso nunca significou zero, mas significa que sabemos de onde vêm nossos casos", explicou Bloomfield.
"Nosso objetivo é a eliminar a doença. E, novamente, isso não significa erradicação, mas significa que reduzimos a um pequeno número de casos, para que possamos eliminar todos os casos e surtos que possam surgir", completou.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, disse que o coronavírus foi eliminado, mas que o país precisa permanecer alerta e ainda pode registrar novos casos.
"Como dissemos, eliminação significa que podemos chegar a zero, mas também podemos ter um pequeno número de casos surgindo novamente. Isso não significa que falhamos, apenas significa que estamos em posição de ter essa abordagem para ter uma gestão muito agressiva desses casos e manter esses números baixos para desaparecer novamente ", disse ela.
Ardern disse que, nos últimos dias, os casos estiveram em um dígito e chamou esses números de incríveis, ao mesmo tempo em que enviou condolências àqueles que perderam entes queridos durante a pandemia.
Ela elogiou os esforços dos neozelandeses: "Já faz quase cinco semanas que estamos vivendo e trabalhando de maneiras que apenas dois meses atrás seriam impossíveis. Mas nós conseguimos. E fizemos isso juntos".
O nível de alerta que entra em vigor no início da terça-feira (28) permitirá que as empresas reabram parcialmente com algumas restrições, incluindo a necessidade de distanciamento físico de dois metros.
As escolas devem reabrir com capacidade limitada, e trabalhos como manufatura e silvicultura serão retomados, embora as pessoas continuem incentivadas a trabalhar em casa quando for possível.
McDonalds na Nova Zelândia exibe mensagem informando clientes que reabrirá na terça-feira
Foto: Reuters
As pessoas poderão comprar comida para viagem e participar de atividades recreativas de baixo risco, incluindo nadar na praia. Além disso, reuniões para casamentos e funerais poderão contar com até 10 pessoas.
Locais públicos como bibliotecas, museus e academias de ginástica ainda permanecerão fechados e as medidas serão reavaliadas em duas semanas, em 11 de maio.
De acordo com a Universidade Johns Hopkins, a Nova Zelândia tem um total de 1.469 casos confirmados de novos coronavírus e 19 mortes.
O que o país fez para conter o vírus
A Nova Zelândia confirmou seu primeiro caso do novo coronavírus em 28 de fevereiro. Em 14 de março, quando o país teve seis novos casos, Ardern anunciou que qualquer pessoa que entrasse no país precisaria se autoisolar por duas semanas – na época, entre as medidas mais duras de restrição de fronteira em todo o mundo. Os estrangeiros foram proibidos de entrar no país em 20 de março.
Em 23 de março – quando havia 102 casos confirmados e nenhuma morte – a primeira-ministra anunciou que o país estava entrando no "nível 3" de restrições, o mesmo para o qual voltará nesta terça-feira. Negócios não essenciais foram fechados, reuniões eventos cancelados e escolas fechadas para todas as crianças, exceto as dos trabalhadores essenciais.
O governo orientou os empresários a permitirem o trabalho remoto sempre que possível, o transporte público foi reservado para trabalhadores essenciais e as viagens aéreas domésticas discricionárias entre regiões foram proibidas.
À meia-noite de 25 de março, a Nova Zelândia mudou para o estrito nível 4 de restrições, com as pessoas instruídas a não sair de casa, exceto para exercícios, mantendo distância de 2 metros.
A Nova Zelândia também fez testes em massa, com 123.920 realizados até o momento entre uma população de pouco menos de 5 milhões de pessoas. Ardern disse nesta segunda que a Nova Zelândia tem uma das maiores taxas de testes per capita do mundo, com capacidade para processar até 8 mil testes por dia.
Em 9 de abril, apesar de um declínio nos casos, Ardern reforçou as restrições nas fronteiras, para que todos os cidadãos e residentes permanentes que chegassem à Nova Zelândia fossem obrigados a passar duas semanas em quarentena em uma instalação do governo e não em casa.