A luta pela inclusão do rio Piancó no projeto de transposição do São Francisco é antiga e, durante muito tempo, um dos grandes soldados dessa batalha regional por água foi o padre Djacy Brasileiro, agindo e inspirando novos baluartes pela obra. Nos últimos cinco anos, um parlamentar fez da causa uma das prioridades do seu mandato e houve avanços: com articulações em Brasília e emendas ao orçamento federal, o senador José Maranhão deu uma contribuição fundamental para três importantes passos em direção à realização da obra, que terá um custo geral de 144 milhões de reais, o mais baixo entre todos os projetos de integração de bacias para receber águas do Velho Chico.
O primeiro deles foi a realização do projeto básico da obra, concluído pelo Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca) em setembro do ano passado. Este mês, duas importantes iniciativas do Dnocs foram levadas a efeito: a abertura de duas licitações para o início da primeira etapa do projeto. As duas somam pouco mais de 87 milhões de reais.
A primeira das licitações, conforme o departamento, é para a “contratação de empresa especializada para execução dos serviços de construção da primeira etapa do sistema adutor do Ramal Piancó, composta por Captação no PISF, Estação Elevatória de Água Bruta – EEAB (Serviços), Adutoras Por Recalque (Serviços) e Blocos de Ancoragem”. A abertura dos envelopes das construtoras concorrentes está previsto para o dia 13 de maio. O valor é de 78, 8 milhões de reais.
A segunda licitação terá abertura dos envelopes em junho e o objetivo é a “contratação de empresa especializada nos serviços de Supervisão, Gerenciamento e Controle Tecnológico das obras de construção do Sistema Adutor Ramal do Piancó, para transferência de água do Trecho II do Eixo Norte do PISF para a Bacia do Rio Piancó, na Paraíba”. O valor é de 8,2 milhões de reais.
Até agora todo o dinheiro disponível para a obra foi resultado de emendas parlamentares. O Governo Federa ainda não investiu nenhum recurso financeiro no projeto. No orçamento do ano passado, graças a articulação do senador Maranhão, foram disponibilizados 29 milhões de reais de emendas de bancada. Para o orçamento deste ano, o senador pleiteava que a bancada paraibana destinasse 150 milhões de reais para a obra, mas conseguiu menos de 10% do almejado, apenas 14 milhões, o que é irrisório diante da grandeza e importância do projeto, que vai abastecer o complexo Coremas/Mãe D’água e levar água a grande parte da Paraíba e do Rio Grande do Norte.
Como a obra dificilmente vai receber dinheiro direto do orçamento do governo, principalmente diante da crise política e orçamentária que afeta a gestão Bolsonaro, sua conclusão vai depender dos deputados federais e senadores da Paraíba, ou seja, vai continuar dependendo das emendas de bancada. O problema é que, até aqui, Maranhão é um dos poucos parlamentares federais interessados verdadeiramente na obra.