Alunas do 12º período do curso de medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê) conseguiram, por determinação da Justiça, a antecipação da colação de grau. A decisão judicial do desembargador José Ricardo Porto. O Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) informou nesta quarta-feira (24) que a instituição deve providenciar todo o procedimento necessário para a graduação.
Em nota, o Unipê informou que a decisão não teve como motivação as normativas recentes do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde sobre antecipar a colação de grau de estudantes da área da saúde. "A antecipação foi reconhecida em razão das duas alunas terem sido aprovadas em primeiro e segundo lugar em concurso público, aprovação que no entendimento do magistrado demonstrou o excepcional aproveitamento acadêmico das alunas. Dessa forma, pelo reconhecimento do desempenho delas, em caráter extraordinário, o Unipê iniciou as providências necessárias para conclusão do curso das referidas alunas e o realizará dentro do prazo determinado judicialmente”.
Conforme o TJPB, a instituição de ensino pediu reconsideração da decisão, alegando que a Medida Provisória nº 934/2020, que permite a antecipação da colação de grau de alunos do último período dos cursos de medicina, enfermagem, farmácia e fisioterapia, deixa facultativa a antecipação da colação de grau.
O pedido, no entanto, foi indeferido pelo relator, que manifestou que a estudante havia "concluído mais de 90% do curso de medicina, inclusive com ótimas notas e aprovação em seleção pública, enquadrando-se na situação excepcional justificadora da adoção de providências no sentido de antecipar a colação de grau".
As duas estudantes autoras do processo, Letícia Cordeiro e Brenda Lopes, ingressaram com ação na Justiça para antecipar a colação de grau sob alegação do estado de calamidade pública devido à pandemia decorrente da Covid-19 e à aprovação em concurso público para atuar no Programa Saúde da Família, nas cidades de Varzéa e Gurinhém, na Paraíba.
Elas alegaram que, diante do estado de calamidade pública, encontram-se prejudicadas pela suspensão das aulas, sem previsão de retorno, não podendo ser atuar nos concursos públicos que foram aceitas.
"A questão é que a gravidade da pandemia foi aumentando. E várias faculdades do Brasil começaram a antecipar a colação de grau dos estudantes de medicina do 12º período. Sendo que durante todo esse tempo, a instituição de ensino não se posicionava. Ficaram e ficam em silêncio", disse a estudante Letícia.
Letícia afirma que entrou com um processo individual por entender que possuía uma demanda específica: assumir o emprego do concurso em que foi aprovada.
O G1 já reportou as dificuldades de alunos de medicina em João Pessoa, ao tentar antecipar suas colações de grau. Segundo Letícia, outros processos de seus colegas, incluindo o processo coletivo, ainda continua sem respostas e que, mesmo com o deferimento da justiça ela e sua colega Brenda continuam sem resposta oficial da instituição, sem uma data para sua colação de grau e sem previsão para resposta. "Enquanto isso, os meus colegas, estão a mercê da justiça, quanto a antecipação da colação", afirma.
De acordo com o estudante Victor Espinola, que faz parte da turma que entrou com um processo coletivo, eles ainda seguem sem os diplomas e muitos estão pensando entrar com processo individuais, inclusive ele mesmo.