Não há turistas nos resorts da Vila Galé no momento, e a página inicial do site da empresa alerta os visitantes com a frase "Fique em Casa".
Ainda assim, a segunda maior cadeia de hotéis de Portugal está ocupada: os funcionários estão estocando produtos de higiene pessoal, luvas, máscaras e termômetros, reorganizando as mesas de jantar para manter os hóspedes a pelo menos um metro e meio de distância e elaborando menus à la carte para substituir os bufês.
A empresa planeja reabrir seus hotéis a partir de junho, juntando-se a uma disputa da indústria de turismo da Europa para salvar o que puder dos negócios nesta temporada de verão, à medida que os isolamentos por causa do coronavírus começam a diminuir.
"Temos que suportar a situação e obter alguma receita neste verão", disse Gonçalo Rebelo de Almeida, membro do conselho executivo da Vila Galé. "Espero… que isso nos permita pelo menos pagar custos fixos. E então apostaremos no retorno ao normal em 2021."
Em todo o continente, do Algarve em Portugal às ilhas da Grécia, as praias estão desertas. Não há visitantes na Torre Eiffel ou no Louvre, os festivais de agosto de Edimburgo foram cancelados e os campos de flores da Holanda estão fechados.
A pandemia de COVID-19, que já matou quase 180 mil pessoas e infectou mais de 2,5 milhões em todo o mundo, abalou fortemente o setor de viagens e turismo.
As viagens internacionais devem cair 39% este ano, segundo a consultoria Tourism Economics — o equivalente a 577 milhões de viagens a menos.
É uma catástrofe para uma indústria que representa mais de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) global e emprega cerca de 320 milhões de pessoas.
O comissário do Mercado Interno da UE (União Europeia), Thierry Breton, quer um "Plano Marshall" usando recursos dos vastos pacotes de estímulo econômico da Europa para reerguer hotéis, restaurantes, operadores turísticos e agências de viagens.
A UE apresentará diretrizes sobre como retomar as viagens, mas colocar os Estados-membros em sintonia pode não ser fácil.
A Áustria sugeriu uma retomada gradual do turismo, inicialmente permitindo a entrada de visitantes alemães, em vez de um reinício total do pacto de fronteira aberta suspenso da UE.
O ministro grego do Turismo, Harry Theocharis, diz que é fundamental que a Europa adote uma posição comum e reabra as fronteiras em breve, porque empresas já fecharam as portas.
"Muitas unidades hoteleiras não vão abrir e haverá desemprego", afirmou Theocharis à Reuters, pedindo ajuda financeira de longo prazo a um setor que representa cerca de um quarto da economia da Grécia.